Giro Ipiaú

A História do Conselho Tutelar de Dário Meira

*Por Rama Amaral

Lembrar as boas ações, é despertar, também, a memória histórica dos indivíduos e as boas emoções nos seus corações. Quando uma das duplas mais fantástica da justiça da Bahia chegou ao fórum de Itagibá, bons ventos vieram para Dário Meira, ou seja, a bela doutora Karla Barnuevo, juíza de direito; e a outra também linda, doutora Luciana Costa, promotora de justiça. Ambas jovens, competentes, responsáveis profissionalmente, atuantes, parciais, humildes e democráticas.

Lembrar que elas sempre procuraram fazer justiça em defesa da maioria é também reconhecer seus méritos. Aliás, quem tem história para contar sobre aquelas meninas é o ex-prefeito e agora advogado, Paulo Jhonson Amaral.

Outrossim, foi no último ano do mandato deste, que o ambientalista e poeta, Jônatas Silva (Melo) e eu, ambos membros do até então honesto, bem visto e atuante grupo Papamel de Ipiaú, começamos a opinar sobre os direitos da criança e do adolescente em Dário Meira, discutíamos outras políticas públicas na Bahia, sobretudo a questão ambiental. Diante disso, o que aconteceu? Coincidentemente, cobrarmos da dupla do fórum de Itagibá, individualmente, a questão dos nossos infantes.

A minha primeira abordagem foi com a promotora no Penta Lanche, ciente, ela se comprometera com a causa e até me dissera: “procure-me com mais tempo pra gente vê isso com mais detalhes.” Já com a juíza, isso aconteceu na Câmara Municipal, num dia de um julgamento sobre homicídio, e a doutora Barnuevo, com seus zóios grandes e abertos, num rosto singular de tão belo, também se comprometera com a causa. Enquanto isso… Melo fazia a parte dele.

Lembro-me que escrevi, acho que três textos sobre algumas coisas do assunto criança e adolescente e politicas relacionadas ao tema, embora sabendo pouca coisa. Contudo, sabia muito do cenário critico por qual passava nossos infantes e da falta de responsabilidades de muitos pais ou responsáveis por estes. Sobretudo, da falta de sensibilidade do poder publico municipal e dos próprios juízes e promotores anteriores a Barnuevo e Costa.

O tempo passou, e lá de São Paulo fiquei sabendo que havia nascido um menino capaz de cuidar de outros meninos e meninas da bela cidade. Nascia, então, por pressão do judiciário e da promotoria pública, mas principalmente por atos de cidadania e, também por um ato nobre da então prefeita Maria de Fátima, o Conselho Tutelar de Dário Meira.

Os primeiros conselheiros a serem eleitos foram, Alison Monteiro, Adailton Sampaio, Godofredo Batista, Iauda Vieira e Jaime Costa. Estes conselheiros, assim como os sucessores, lidaram com enormes adversidades, desafios e muitos problemas, bem como falta de estrutura logística, apoio material, inexperiência, falta de transporte…

Aconteceram avanços, porém o mais grave de tudo ainda hoje, é a dificuldade em relação a falta de uma política seria por parte dos governos federal, estadual e municipal, além da ignorância da comunidade quanto ao conhecimento das atribuições do conselho tutelar.

Diante disso, Infelizmente os conselheiros tutelares acabam sendo crucificados injustamente, pois estes, presos e reféns do próprio sistema de trabalho, muitas vezes não são respeitados, além de não receberem um salário digno de sua burocrática, limitada, honrada, suada e perigosa função.

Enfim, está conselheiro é tão bom que pra sê-lo é preciso ter ensino médio completo, conduta ilibada, está em dias com a justiça, passar numa prova e ainda passar pela humilhação nojenta de uma eleição. Toda essa luta pra receber um salário mínimo e nome de preguiçosos.

Contudo, melhorar tudo é preciso! Sonhar positivo, é positivo e possível acreditarmos em dias melhores! Que isso possa acontecer! Que a luz das boas políticas de melhores salários e melhores condições de trabalho possam surgirem, bem como mais responsabilidades dos pais com seus filhos e mais assistência do poder público municipal.

*Rama Amaral é poeta e ex-conselheiro tutelar.