Um dos técnicos mais renomados do futebol amador da Bahia, multi campeão do Intermunicipal e sempre requisitado por várias seleções, o técnico Beto Oliveira concedeu entrevista ao GIRO por meio do repórter Romário Henderson, oportunidade em que falou sobre a expectativa pra mais um ano e sobre algumas mudanças para esta temporada. Beto Oliveira será o treinador da Seleção de Porto Seguro, que retorna após quatro anos e foi apresentada desde o dia 14 de junho, há aproximadamente um mês. Confira a seguir a entrevista na íntegra.
GIRO: Beto, estamos há menos de 1 mês para o início do Intermunicipal 2023. Fala pra nós sobre sua expectativa no comando da seleção de Porto Seguro
– Um abraço Romário, um abraço a todos os internautas ligados no Giro em Ipiaú. É uma satisfação muito grande estar falando com vocês. Na verdade a expectativa é muito grande, né? A gente está há pouco tempo, a gente não sabe se é um mês, se é mais de um mês, como o conselho técnico vai ser realizado no dia 15 de julho, só aí a gente vai saber, né? Grupo que nós vamos pegar, quem a gente vai enfrentar, que dia a gente joga… Mas a expectativa é a melhor possível, estamos trabalhando firme e forte para que a gente possa também fazer um grande campeonato. A gente sabe que esse ano vai ser um campeonato muito nivelado, porque eram dez, caíram pra oito acima da idade, eram cinco intermediários, caiu pra dois. Então vai ser um campeonato muito equilibrado, mas estamos nos preparando pra que a gente possa fazer uma grande campanha, e se for da vontade do grande pai, que a gente seja campeão.
GIRO: Porto foi uma das seleções que iniciou mais cedo os trabalhos, o que mostra um planejamento bem realizado. O quanto isso pode favorecer a sua seleção?
– É, nós iniciamos um pouco mais cedo até porque quando você inicia mais cedo você vai detectando primeiro os erros, né? Quando você vai atrás dos acertos você vai detectando os erros. Então a gente foi organizando devagarinho, organizando casa do atleta, organizando treinamento, organizando o material e começamos treinar firme e forte. A rapaziada vem assimilando e aceitando muito bem o trabalho que está sendo feito. A gente sabe quem começa primeiro, se condiciona primeiro, mas também a gente não pode dar uma carga excessiva no atleta porque eles ainda estão disputando várias competições aí pela Bahia toda. Os campeonatos amadores da cidade e como a gente sabe que a gente quando libera um, e eu tenho isso comigo, quando eu libero um pra jogar um campeonato eu libero todos, mas a gente vem se preparando muito bem. Esperamos que a gente chegue na primeira rodada da competição já em um patamar elevado dentro de um condicionamento bom pra que a gente possa fazer um grande jogo e já começar vencendo.
GIRO: Você é um técnico muito requisitado por tudo que já conquistou no Intermunicipal. Certamente deve ter recebido outras propostas. O que te levou a escolher Porto Seguro?
– Graças a Deus pelo que nós construímos na competição. São seis títulos e várias vezes nós chegamos até a semifinal e o que nós construímos, por isso a gente tem um prestígio muito grande na competição, mas nem por isso a gente é o melhor, né? A gente sabe que tem outros treinadores também que tem a qualidade, mas a gente é bem requisitado. O que nos levou a Porto Seguro foi porque Porto Seguro foi a primeira quando eu saí de Santo Antônio de Jesus. Já antes de começar a competição de Santo Antônio de Jesus eles tinham um projeto de 2023 disputar o intermunicipal, eles me procuraram, colocaram o projeto na mesa e me fizeram proposta, então a gente analisou bem e ficamos conversando um bom tempo e acertamos. Mas a gente teve outras propostas também, outros lugares. Eu graças a Deus aonde eu passei, sempre deixei a porta aberta. Não pelo meu conceito, né? Porque a gente sabe que Beto Oliveira trabalha dentro de uma realidade normal, é um cara simples, um cara humilde, um cara honesto, um cara direito, trabalha dentro de uma honestidade, respeito pra ser respeitado. Então por isso a gente gosta de um prestígio, mas o que nos levou a Porto Seguro foi a procura muito cedo de Porto Seguro pelo nosso trabalho.
GIRO: Esse ano, a FBF diminuiu de 10 para 8 o limite de jogadores com idade acima de 26 anos. Qual o seu pensamento pessoal em relação a isso?
– Eu achava que poderia ser 15-15. Quinze acima da idade e quinze abaixo da idade. Porque quando você baixa de dez pra oito, dois acima da idade vão ficar desempregados. Quando você baixa de cinco pra dois intermediários, três vão ficar desempregado. Se você fizer uma somatória aí, cinquenta seleções vezes cinco, vai dar o quê? Duzentos e cinquenta atletas desempregados. Desses duzentos e cinquenta, quantos são pai de família? Quantos dependem do intermunicipal pra levar a comida, o leite pra casa no segundo semestre? Então por isso eu não sou a favor, sou contra essa de querer colocar sub-23 no intermunicipal, essa onda de revelar eu acho que quem tem que revelar são os clubes profissionais, eles têm lá sub-15, sub-10, sub-13, sub-17, sub-20, sub-23… Então o que tem que revelar são os clubes. O campeonato amador, o intermunicipal com é um dos maiores campeonato amador do mundo, não precisa revelar. A gente sabe que um ou outro vai migrar pra o profissional, quem tem qualidade o profissional chega, faz uma proposta boa, mas a gente sabe que o campeonato baiano a gente falando da Bahia porque gente está na Bahia, o campeonato baiano praticamente são três meses de competição, mais um mês de pré-temporada e o jogador amador ele joga o ano todo, disputa campeonato amador em todos os lugares da Bahia, principalmente jogadores de ponta, principalmente esses jogadores acima da idade. Então você deixa muito o pai de família desempregado. Eu não sou a favor não. Eu acho que quem quiser ir pro profissional vá pro profissional. Quem não quiser, continue jogando o amador. Não é a Federação Baiana que vai colocar sub-23 pra revelar jogador pra Bahia, pra vitória, para os times do interior. Eu acho que os clubes profissionais como eu falei, tem base, quem tem que revelar são as bases, fazer um investimento alto na base e revelar, porque a maioria desses jogadores aí tem uns que não trabalham, não tem um emprego fixo, não tem uma carteira assinada. E o futebol é a sustentação deles. Até uma certa idade, tem prazo de validade, né? O jogador acima da idade, eles vão chegando aí pra 35, 40 anos, aí já vão ficando pra o canto, pessoal já não requisita eles. Aí eles vão trabalhar dentro da profissão deles. Eu acharia muito fácil, muito bom se continuasse quinze, eu sou a favor de quinze. Quem mais se queixa de jogadores acima da idade são cidades e seleções que não fazem investimento. O futebol é um esporte caro. Você gasta todo dia. É um gasto diário. É alimentação, é remédio, é transporte. Todo dia é lavagem de material, é compra de material, é um esporte que não é barato. É um esporte que foi feito para o pobre, mas quem comanda tem que ter uma situação financeira muito boa. E a gente sabe que todas as prefeituras, os 417 municípios da Bahia, todos eles têm condições de fazer um investimento na sua seleção amadora. Mas são poucas que investem e você vê aí que há muito tempo vem caindo o número de seleções.
GIRO: Por tudo que já conquistou, fala pra nós quais são os ingredientes que não podem faltar para uma equipe que almeja o título do Intermunicipal?
– O maior ingrediente é o trabalho, né? Como a gente trabalha no profissional, a gente trabalha no amador, a gente dá uma carga muito boa para os nossos atletas, trabalha dentro de um nível, nível muito alto, uma qualidade também muito boa, por isso a gente sempre está chegando aí graças a Deus. O ingrediente é esse, é trabalho, é determinação, é compreensão, é respeitando os atletas pra ser respeitado. É também convivendo com atleta. A gente não é só um treinador, a gente procura ser um irmão mais velho, procura ser um pai na medida do possível, procura ser um psicólogo, analisar caso por caso. Administrando praticamente vinte e cinco, vinte e seis, vinte e oito cabeças diferentes, personalidades diferentes, né? Criações diferentes. O ingrediente é o trabalho e valorizar o que você tem na mão. E a gente valoriza muito o atleta que trabalha conosco e por isso eu tenho amizade com os jogadores desde quando eu comecei a treinar, a ser treinador, até hoje sou assim, porque a gente valoriza demais o ser humano. A gente não valoriza só o atleta profissional. A gente valoriza o ser o ser humano, o homem que é o atleta profissional, o atleta amador, então por isso a gente sempre está chegando porque tem o empenho e a dedicação, e a comissão técnica não seria nada se não tivesse os grandes atletas, né? As estrelas maiores são eles, eles que fazem o espetáculo. Nós só coordenamos de fora, mas os grandes atores da bola são eles. Então o ingrediente é esse aí, o ingrediente é trabalho e muito respeito ao ser humano que é um atleta de do futebol.
GIRO: Agradecemos a gentileza pela entrevista e desejamos sucesso
– Eu que agradeço por essa oportunidade de estar falando para o Giro em Ipiaú mais uma vez, esperamos que a gente possa falar outras vezes. E falar do maior campeonato amador do mundo, né? A Copa do Mundo de amadores é o intermunicipal. Então nós ficamos muito felizes quando estamos trabalhando no intermunicipal, porque a gente é bem recebido. Esperamos em Deus que a gente possa se falar mais vezes. Esse campeonato vai ser um campeonato muito bom de se assistir e se ouvir. Um abraço a todos, fiquem com Deus.
O Campeonato Baiano de Futebol Intermunicipal será lançado oficialmente no dia 15 de julho, próximo sábado. A previsão de início é no dia 30 de julho. (GIRO/Romário Henderson)