É uma colecionadora de medalhas: são cinco títulos mundiais, quatro ouros em sul-americanos, bicampeã pan-americana e dez vezes campeã baiana e brasileira, consolidando uma das mais brilhantes carreiras da paracanoagem.
O nome dela é superação: até o famigerado câncer, ficou para traz. Ela aponta o seu maior aliado na luta pela vida : “Eu não teria passado por essa, com tanto sucesso, se eu não tivesse disciplina como atleta”, define a penta campeã mundial da paracanoagem, Marta Santos Ferreira, que conseguiu curar-se de um câncer no intestino.
Ela se submeteu, sem temer, a um tratamento – envolvendo radioterapia e quimioterapia – que fez seu peso despencar a 36 quilos. “Fiquei 25 dias sem comer e beber água, durante um internamento para o procedimento cirúrgico”, recorda Marta, explicando que a alimentação era parenteral, administrada na veia.
Mas nada que assustasse uma determinada Marta. “Eu estava no hospital me recuperando e já me via de volta ao pódio”, lembra.
Aconteceu. Depois de cinco anos de distância, Marta se reencontrou com o pódio e uma das mais vitoriosas carreiras da história da canoagem e paracanoagem paraolímpica. Veja o cartel:
• Dez vezes Campeã Baiana e Brasileira, na modalidade Canoagem Velocidade na prova de 200 metros;
• Quatro medalhas de ouro em competições sul-americanos e Bi-Campeã Panamericana;
• Cinco título mundiais.
Ela é a única atleta da modalidade no Brasil a ter dois títulos mundiais em sua categoria, a KL2. Mas não foi fácil. Ela começou a remar, em 2007, contra a maré, enfrentando homens, quando as mulheres ainda não se arriscavam na paracanoagem e quando a modalidade ainda era muito pouco conhecida.
O reconhecimento do COI – Comitê Olímpico Internacional – veio com quando ela e o colega Paulo Fernandes foram campeões mundiais na Polônia, em 2010.
“O maior desafio foi encontrar meninas para competir comigo aqui no Brasil. Eu comecei a treinar e fui campeã brasileira na raia da USP em São Paulo, competindo com homens. Ainda não era paraolímpica, era canoagem adaptada, porque ainda não reconhecida pelo Comitê Olímpico do Brasil”, recorda Martha.
Ela retornou em 2023 as competições e já figura entre as três melhores atletas do Brasil de Para Canoagem, modalidade KL2.
Itacaré e a Canoagem
A filha de Vadinho da Serraria (Florisval Ferreira) e Alaíde Marques é ipiauense e aos pais dedica o sucesso da carreira: “Eu dedico total aos meus pais. Sem o apoio deles, sem o incentivo deles, eu não conseguiria ser o que eu sou hoje, por conta de crescer como uma pessoa deficiente, num país extremamente preconceituoso. Tive total apoio também da minha família e meus amigos“
Marta Ferreira
Marta Ferreira começou sua carreira por Itacaré, por onde se ancorou e ainda mora, integrando a Associação de Canoagem da cidade. Com apenas quatro meses de treino, sagrou-se a primeira Campeã Brasileira na categoria de Canoagem Adaptada.
Mas ela que ver a Canoagem e paracanoagem no seu torrão natal, Ipiaú. Sonha em trazê-la para as margens do Rio de Contas, no trecho conhecido como Areão do Arara. “Eu pretendo continuar competindo e trazer a canoagem para Ipiaú, o Projeto Remando em Águas Baianas. Um projeto incrível do Governo do Estado, através da Sudesb, e espero contar com apoio dos gestores municipais”, planeja. *Conteúdo produzido pela Ascom Maré – Comunicação