Giro Ipiaú

Baixa libido no relacionamento – Quais são as causas?

A matéria de hoje responde ao pedido de uma leitora, segundo a ela, a queixa de baixa libido (desejo sexual) na relação a dois, tem sido uma constante e crescente marca entre muitos casais. E ela me indagou: -O que causa isto? Segundo Sigmund Freud em sua teoria psicanalítica, a libido representa a nossa pulsão de vida, uma energia que nos move em direção ao prazer e a realização dos nossos desejos, e este movimento não se detém apenas ao ato sexual, mas está relacionado com todas as áreas da nossa vida. Não por acaso, pessoas com quadro depressivo apresentam uma baixa libido (escassez de pulsão de vida), perdendo a energia para desenvolver até mesmo atividades básicas do dia a dia.

Dito isto, já sabemos que a nossa saúde mental é um dos fatores que influencia diretamente a dinâmica da nossa vida, dos nossos desejos e prazeres vitais. Além da saúde mental, é necessário também ter atenção aos sinais biológicos do nosso corpo, a falta de desejo sexual pode ser também justificada por desequilíbrios hormonais tanto na mulher quanto no homem, por isso é recomendado que se busque um especialista para realizações de exames, onde essa possibilidade também seja investigada. O período da menopausa por exemplo, provoca muitas alterações hormonais no corpo da mulher, refletindo também em seu estado libidinal.

Numa relação a dois outros fatores podem influenciar, como por exemplo a falta de diálogo e conexão entre o casal. Estruturalmente, a nossa sociedade não educou a mulher para falar abertamente sobre sexo e ter conhecimento do seu próprio corpo, é comum que muitas mulheres não tenham se quer experimentado um orgasmo ou tenha sentido em momentos pontuais, mesmo estando a anos em uma relação amorosa. Este fato revela o quanto ainda existem tabus que impedem que muitas de nós acessem esses prazeres. Da mesma maneira, este fato revela também uma cultura que educou o homem para se preocupar apenas com o seu próprio prazer.

Inclusive, esta é uma educação histórica na sociedade patriarcal, apesar de hoje falarmos abertamente sobre liberdade sexual, por séculos, a boa mulher deveria se comportar e ser vista como recatada e do lar, sendo dado o título de “puta” e sem valor para todas as mulheres que ultrapassavam essa regra e viviam uma vida sexual de prazeres em suas relações. Nesse mesmo contexto, também se estabeleceu a educação de que os homens se importassem exclusivamente com o seu próprio gozo, fazendo da mulher apenas um objeto do seu prazer. Quebrar todos esses tabus e ressignificar a nossa forma de entender que o ato sexual faz parte da nossa pulsão de vida e da nossa necessidade biológica é um caminho que demanda ainda muitas desconstruções e diálogos nas relações. Pois, subjetivamente todos esses conceitos perpassam a nossa forma de se relacionar com quem somos no mundo e em como nos relacionamos com os outros.

Outras questões importantes também atravessam o interesse sexual em uma relação a dois. O ato sexual em uma relação casual pode ser estimulado por diversas fantasias vivenciadas em um encontro, como por exemplo, uma boa conversa, um visual atraente, e a famosa química que quando bate, pega fogo! (risos…) Mas, em uma relação de anos, essas fantasias começam a se dissolver ao longo do tempo e de uma realidade que vai sendo atravessada por desafios e desilusões do cotidiano. Por isso, é importante manter o diálogo aberto entre o casal, conversando sobre todas as questões que são um incômodo para ambos.

Algumas dicas que podem ajudar a dar um novo ânimo na vida sexual do casal.

  • Conversem abertamente sobre o que gostam e o que não gostam no relacionamento e durante a relação sexual.
  • Escutem-se com respeito, sempre lembrando que o objetivo da conversa é melhorar a relação.
  • As conversas podem levar a discussões de relacionamento (DR’s) que podem ser desgastantes a princípio, mas são necessárias e trarão amadurecimento e mais intimidade a longo prazo.
  • Perguntem-se se estão se sentindo confortáveis para serem quem realmente são nessa relação. Uma boa vida sexual também está ligada ao quanto você se sente seguro(a) e à vontade com a pessoa com quem se relaciona.
  • Reforce o que você admira na pessoa com quem se relaciona. A admiração é um fator essencial para manter o desejo.
  • Invista em você mesmo(a); cuide da sua saúde mental, física e espiritual.
  • Explore o seu corpo; experimente vibradores, conheça suas zonas de prazer.
  • E o mais importante: a relação precisa ser boa e saudável para você. É necessário que o investimento aconteça de ambos os lados, para que o esforço de buscar melhorias não se torne um peso para quem o faz.
  • Sexo bom é sexo com entrega e reciprocidade.

Simone Souza é psicóloga clínica e psicanalista, graduada em História, especialista em Psicopatologia Clínica e pós-graduada em Parentalidade e Perinatalidade. Realiza atendimentos presenciais e on-line em sua clínica, Espaço Curar, localizada em Ipiaú-BA.

Para agendamentos e informações, entre em contato pelo WhatsApp: (73) 99833-6007.