O ipiauense Cristiano dos Santos Castro, 25 anos, entrou no seleto grupo de brasileiros que chegou ao cume da lendária montanha Huayana Potosi, na Bolívia, Cordilheira dos Andes. Os 6.088 metros de altitude exigiram uma longa caminhada por trilhas íngremes e escalada em trechos nevados, requerendo noções de alpinismo.
Do grupo que se aventurou na expedição apenas ele, uma alemã e três britânicos cumpriram a jornada na integridade. Muitos ficaram no meio do caminho, inclusive sua noiva Geovana Monteiro que também é natural de Ipiaú.
Os que chegaram tiveram o privilégio de contemplar uma das mais belas paisagens da vasta e imponente cordilheira. Entre as montanhas majestosas se desenhou uma história de superação que Cris guardará em definitivo na sua memória. Muita história a contar dessa expedição nas alturas geladas de Huayna Potosí.
Para se ter uma ideia, o ponto culminante do Brasil é o Pico da Neblina com uma altitude de 2.993 metros acima do nível do mar, localizado no estado do Amapá, nas proximidades da fronteira com a Venezuela. Já o mais alto do mundo é o Pico do Everest, com 8.848 metros de altura, na Cordilheira do Himalaia, localizada na fronteira da China com o Nepal.
Foi necessário um período da aclimatação e adaptação, durante o qual os expedicionários tiveram que beber muita água e utilizar outros recursos. Eles se queixavam de continua dor de cabeça, falta de ar e das baixíssimas temperaturas, dentre outras dificuldades. Em determinados momentos ao água que levavam ficou congelada.
A escalada até o topo, entre os últimos dias 6 e 7 de setembro, durou quase 10 horas. “A cada passo naquela subida desafiadora, havia mais do que esforço físico. Foi uma luta silenciosa contra as próprias limitações, uma batalha íntima entre o corpo cansado e a força interior que insistia em seguir adiante”, narra Cristiano.
O ataque ao cume envolveu oito pessoas, a maioria proveniente de diferentes partes da Europa. O ipiauense foi o único sul-americano que se encontrava entre eles.
A largada se deu em um acampamento a 5.200 metros. Com o passar do tempo, o grupo começou a se dispersar. Alguns ficaram para trás, vencidos pelos efeitos implacáveis da altitude, enquanto outros lutavam para manter o ritmo.
“A cada 19 minutos, meu corpo implorava por uma pausa. Parava para respirar, para beber água, tentando recuperar forças em meio ao ar rarefeito. O caminho se tornava cada vez mais estreito e perigoso. A escuridão envolvia os penitentes de gelo, formações afiadas que pareciam erguer-se como guardiões imponentes da montanha. A todo instante, surgiam brechas enormes, que exigiam saltos calculados. Um passo em falso e a montanha poderia nos engolir “, acrescenta o ipiauense.
Cristiano conta que à medida que a cidade de La Paz brilhava ao longe, como um farol de vida nas profundezas do vale, pensava em desistir. “O cansaço aumentava e o peso da jornada parecia insuportável”.
O guia, conhecido como Mister Mário, encorajava os montanhistas. A Cris ele dizia: “Você pode chegar”. O ipiauense foi o primeiro a atingir o topo da montanha andina.
“O cume de Huayna Potosí não foi apenas uma vitória pessoal, foi uma celebração da coragem, da superação e da conexão com algo maior que nós mesmos. Ali, no ponto mais alto, percebi que a conquista não estava apenas na altitude alcançada, mas na jornada vivida. Cada desafio superado, cada medo vencido, cada passo dado com coragem fez daquele momento uma celebração da minha possibilidade. Incrível sensação de vitória”, concluiu Cris. *Giro/José Américo Castro
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