A disparada no preço do boi gordo promete impactar o orçamento dos brasileiros neste fim de ano e complica o cenário econômico para o Banco Central, que vem adotando medidas rigorosas para conter a inflação. Com a carne bovina entre os produtos mais afetados, a LCA Consultores estima um aumento de pelo menos 7,9% nos preços durante o último trimestre de 2024, marcando a maior alta para o período desde 2020. Esse encarecimento preocupa não só os consumidores, mas também frigoríficos como a JBS, que enfrentam o maior aumento nos custos do gado em quase três décadas.
A pressão sobre o Banco Central cresce, já que a alta nos preços da carne bovina tende a influenciar os valores de outras proteínas, como carne suína e frango, afetando diretamente o índice de inflação. Na tentativa de controlar essa situação, a instituição elevou a taxa Selic para 11,25% na última quarta-feira, o que representa o segundo aumento consecutivo. Essa estratégia, embora contrária às políticas monetárias globais, é uma tentativa de evitar que a inflação avance ainda mais, especialmente em um momento de alta dos alimentos essenciais.
Além do impacto econômico, o aumento no preço da carne se torna um ponto sensível para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante sua campanha em 2022, Lula prometeu reduzir o preço da carne, especialmente da picanha, que é um dos cortes mais apreciados pelos brasileiros. A expectativa de que o governo controle os preços de alimentos básicos faz com que o tema ganhe destaque nas discussões políticas e econômicas de fim de ano.