Giro Ipiaú

Morre dona Valdé, um exemplo de humildade e dedicação à arte cristã

Foto: Arquivo Familiar

Com a idade de 92 anos a idosa Valdelice da Silva Cunha, “dona Valdé” , pegou o rumo do plano espiritual. Ela faleceu no final da tarde da ultima terça-feira, 4, no Hospital Geral de Ipiaú, em decorrência de complicações na vesícula. Dias antes havia sofrido uma fratura no fêmur.

O sepultamento, às 10hs40min, no Cemitério Velho, foi assistido por parentes e amigos que em sua memória entoaram cânticos religiosos e aplaudiram. Justos aplausos a quem praticou o bem, plantou flores, viveu em paz e resignação.

Natural do distrito de Piabanha, município de Maraú, dona Valdé era viúva do fazendeiro Lenival Santana da Cunha, com o qual gerou nove filhos: Alcyr, Antonio Carlos (Gaso), Ary Imirian, Lenival Jorge, Emanoel (Manuka), Eliene, Eliana, Jean Kleber e Jeferson (Jefinho).

Os dois últimos ingressaram na política e exerceram mandato na Câmara Municipal de Ipiaú, sendo que Jean chegou à presidência do Poder Legislativo. A descendência se estende em mais de 50 pessoas, entre filhos, netos, bisneto e tataranetos.

Foto: Arquivo Familiar

Além de mãe dedicada, católica praticante, membro da Irmandade do Apostolado da Oração, Dona Valdé tinha sensibilidade artística, como poeta, artesã e preservacionista. Durante 61 anos ela se dedicou a montar, em sua residência na Praça Dr. Salvador da Matta, um dos mais belos presépios da cidade.

A tradição natalina era mantida com muito carinho e dedicação. A instalação com mais de uma centena de peças se estendia por 12 metros, ocupando dois cômodos da casa. Grande parte da estrutura é confeccionada em papel madeira, dando uma idéia da Gruta da Natividade.

Peças em gesso representam os membros da Sagrada Família (Jesus, Maria e José) além dos três Reis Magos, a Estrela Guia, os anjos, os pastores, as ovelhas, enfim tudo aquilo que lembra o cenário do nascimento de Jesus. Valdé não deixava de acrescentar um toque brasileiro ao conjunto da obra.

Alguns dos visitantes ao contemplarem a representação refletiam na grandeza da humildade e compreendiam a mensagem divina naquele cenário de encantação. Muita gente visitava a peça durante o mês de dezembro até o dia 6 de janeiro.

Que a tradição seja mantida por alguém da família de dona Valdé. Sua figura humilde e dedicada jamais será esquecida por todos aqueles que lhe valorizam. ( Giro/José Américo Castro)