
O Gestor de Políticas Públicas Lucas Cardoso, nascido e criado em Ipiaú, participou nesta semana de uma audiência pública no Congresso Nacional, onde fez uma fala contundente sobre a necessidade de políticas de adaptação climática com base na reparação histórica. Em sua fala, Lucas abordou três eixos principais para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas no Brasil: acesso à terra, à educação e à renda.
Para ele, o debate sobre justiça climática não pode ignorar as raízes coloniais das desigualdades no Brasil. “O país optou historicamente pelo latifúndio, excluindo os ex-escravizados do acesso à terra desde a Lei de Terras de 1850. Isso empurrou populações negras e indígenas para territórios marginalizados, que hoje concentram os maiores riscos climáticos e os maiores custos de adaptação”, afirmou.
Lucas também trouxe dados sobre como as emergências climáticas aprofundam as desigualdades educacionais — com milhões de estudantes da rede pública enfrentando calor extremo nas escolas ou tendo aulas suspensas por enchentes, enquanto escolas privadas oferecem condições de ensino mais seguras e estáveis. Ele ainda fez um apelo pela criação de programas de transferência de renda específicos para apoiar populações vulneráveis diante dos eventos climáticos extremos.
As ideias abordadas por Lucas no Congresso tem um forte elo com sua trajetória pessoal e com a própria história de Ipiaú. Neto de Mestre Alírio, figura lendária da cultura popular local, Lucas destacou a amizade entre seu avô e o ex-prefeito Dr. Euclides Neto, responsável pela criação da emblemática Fazenda do Povo — projeto de reforma agrária que deu a Ipiaú o título de Município Modelo do Brasil nos anos 1960, objeto de sua dissertação de mestrado.
“Esse projeto é um exemplo concreto de que é possível fazer política pública com justiça social e coragem. Precisamos revisitar essas experiências e atualizá-las à luz da crise climática. A justiça ambiental no Brasil passa, necessariamente, pela redistribuição da terra e da renda”, concluiu Lucas.