
A jovem ipiauense Raiane Nascimento de Jesus acaba de conquistar um feito que orgulha toda a comunidade: foi aprovada para realizar parte de seu doutorado na Universidade de Montpellier, na França, onde integrará um grupo de pesquisa em Ciências Marinhas. Com apenas 28 anos, Raiane trilha uma trajetória marcada pela dedicação aos estudos e pela crença no poder transformador da educação.
Filha da comerciária Geane Nascimento e do professor Railton de Jesus, Raiane cresceu em um lar onde os livros sempre estiveram presentes. “Meus pais sempre liam em casa, e isso me inspirou desde cedo”, conta. Sua formação teve início na Escola Municipal Coração de Jesus, passando pela Ciranda das Letras e pelo Colégio Dom Bosco. Concluiu o ensino médio no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, onde desenvolveu ainda mais sua paixão pelo conhecimento, especialmente nas horas que passava na biblioteca da escola.

Aos 17 anos, Raiane foi aprovada no ENEM por meio do sistema de cotas e ingressou no curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), formando-se em 2020. No mesmo ano, deu início ao mestrado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), onde começou a se aprofundar no campo da saúde ambiental.
Durante o mestrado, teve contato com a professora Dra. Rosângela Lessa, que a incentivou a buscar uma experiência internacional. “Mesmo enfrentando recusas, nunca desisti. Continuei estudando inglês e comecei a aprender francês, porque já sabia que queria estudar na França”, relembra Raiane. Agora, esse sonho se concretiza: ela foi selecionada para uma mobilidade acadêmica na França, onde passará seis meses desenvolvendo sua pesquisa de doutorado.
Raiane estuda os efeitos da poluição da água sobre a saúde dos peixes — e, consequentemente, sobre a saúde humana. “Muitas substâncias tóxicas, como metais pesados e derivados de petróleo, acabam nos rios e mares. Esses contaminantes se acumulam nos peixes e, quando os consumimos, também afetam nosso organismo”, explica. Na França, ela poderá utilizar um microscópio de alta tecnologia para investigar, em detalhes, os danos celulares causados por esses poluentes.
Para Raiane, essa conquista representa mais do que um avanço acadêmico: é uma oportunidade de inspirar outros jovens da sua terra natal. “Quero que minha história mostre que a educação pública funciona, que é possível sonhar grande e alcançar lugares que muitos nem imaginam. A universidade pública me abriu portas que mudaram minha vida, e pode fazer o mesmo por tantos outros jovens de Ipiaú e da região”, conclui.
A trajetória de Raiane é um exemplo de perseverança, talento e compromisso com a ciência e com a transformação social — e agora, leva o nome de Ipiaú para além das fronteiras do Brasil.