A Lojas Americanas entrou nesta quinta-feira (19) com um pedido de recuperação judicial, afirmando ter uma dívida de R$ 43 bilhões. O pedido foi feito junto ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A empresa diz que tem uma lista com 16,300 credores, que será apresentada em 48 horas à Justiça.
A Americanas diz que vai apresentar um plano de recuperação em 60 dias, que é o prazo determinado pela lei. Por fim, a empresa pede autorização para capitalizar a AME, um dos maiores vetores de renda da varejista.
A Americanas sinalizou mais cedo que tinha intenção de entrar com o pedido de recuperação “em horas ou dias”, por conta do rombo no caixa, reduzido a R$ 800 milhões.
‘Rombo’
A Americanas anunciou no último dia 11 que a nova gestão da companhia identificou R$ 20 bilhões em “inconsistências” no balanço da empresa. Segundo os termos usados no comunicado da companhia, é possível entender que o problema está relacionado a dívidas não contabilizadas nas demonstrações financeiras. Na prática, é como se a varejista registrasse apenas a compra de determinados produtos, mas não o financiamento que fez para adquiri-los. Ou seja, a empresa pode estar mais endividada do que o mercado sabia.
No terceiro trimestre de 2022, a Americanas afirmou ter uma posição de caixa de R$ 14 bilhões e uma dívida líquida de R$ 5,3 bilhões. Essa dívida representava 1,7 vez o Ebitda (geração de caixa) da companhia, levando em consideração os últimos 12 meses até aquele período. A dívida bruta da empresa, por sua vez, era reportada em R$ 19,3 bilhões.
“Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da Companhia”, afirmou a empresa na nota que também anunciou a decisão do presidente, Sergio Rial, e do diretor-financeiro, André Covre, de deixarem os cargos. Ambos assumiram suas funções no dia 1.º de janeiro.