Líder no número de mortes violentas do país e à frente de outros estados nos principais índices de insegurança, a Bahia continua agravando a crise da segurança pública: em 2023, foi o único estado a registrar mais de mil mortes decorrentes de ações policiais. Ao total, 1.702 vidas foram perdidas, segundo o boletim Pele Alvo: mortes que revelam um padrão, realizado pela Rede de Observatórios da Segurança. O número é o segundo maior já registrado pela entidade desde 2019, quando o Rio de Janeiro contabilizou 1.814 óbitos por agentes de segurança do Estado.
A quinta edição do boletim, que foi divulgado nesta quinta-feira (7), obteve dados via Lei de Acesso à Informação (LAI), junto à Secretaria de Segurança Pública e órgãos correlatos da Bahia e de outros oito estados. Os números revelaram que pelo menos 1.321 vítimas mortas pelas polícias baianas apenas no ano passado eram negras. Mas esse número tende a ser maior, pois do total de registros, apenas 1.396 descrevem a cor/raça das vítimas (em 381 casos, esse dado não foi registrado).
Para entender a tendência, o número de negros mortos em operações policiais na Bahia corresponde a 94,6% do total dos 1.321 casos em que a raça/cor da vítima foi anotada. Desprezando a diferença entre a presença ou a falta desse dado, as 1.321 mortes de negros representam 77,6% do total de 1.702 óbitos ocorridos em ações policiais.
O cenário de violência policial, no entanto, não é o único que a Bahia lidera. O estado é campeão de mortes violentas no primeiro semestre de 2024, com 2.087 homicídios dolosos registrados, segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Sinesp), sistema do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). É também o que mais mata mulheres e negros, conforme dados do Atlas da Violência 2024.
O problema da violência não é de hoje. Também foi a Bahia o estado com maior número de homicídios dolosos no país em 2023, pelo terceiro ano consecutivo, ao registrar 6.578 mortes, como revelado pela 18ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O mesmo ocorreu em 2022 e foi evidenciado por outra pesquisa. Na ocasião, o Atlas da Violência mostrou que, naquele ano, 6.776 vidas foram interrompidas de forma violenta em território baiano. *Com informações do Correio 24h