Para entender de onde vem a violência contra mulher, precisamos olhar para como se estabelece socialmente as relações de gênero em nossa sociedade. Historicamente a mulher é marcada por uma vida de opressões e limitações sociais e relacionais.
O corpo da mulher tido por séculos como propriedade privada do homem e a serviço da família, revela que por trás dessa estrutura de controle, existem muitas marcas de violência. É só fazer uma breve leitura no velho testamento da bíblia que logo veremos como até o direito da manifestação pública era impedido à mulher.
A história mostra o silenciamento, a exploração laboral, doméstica e sexual praticada por homens em um processo de hierarquia que é parte de uma construção histórica reproduzida de geração a geração nas famílias.
Ter tido que lutar para ter direito ao voto, ao estudo, ao trabalho, ao uso de anticoncepcional, a valorização no mercado de trabalho dentre vários outros direitos adquiridos com muita persistência, revela o quanto a sociedade patriarcal amordaçou violentamente a existência da mulher.
Hoje, com muitos direitos adquiridos, ainda vivemos a constante luta para existir em uma sociedade que não perdeu seus rastros de violência. E a prova disso são os números que revelam a quantidade de mulheres que são vítimas de feminicídio. Em 2023 o Brasil registrou 1.463 casos, uma alta de 1,6% com relação ao ano de 2022, segundo relatório publicado pelo fórum brasileiro de segurança pública (FBSP).
Por termos normalizado muitas violências praticadas contra a mulher, infelizmente são os casos de feminicídio que chamam mais atenção, porém as violências podem ser psicológica, moral, sexual, patrimonial e física.
Abaixo a descrição das mesmas, segundo o site do conselho nacional de justiça.
I – A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II – A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III – A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV – A violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V – A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Dentre as causas que mantém muitas mulheres em relações abusivas e violentas está a dependência emocional e financeira, a falta de conhecimento sobre leis, a falta de suporte social e familiar, o medo do julgamento e o medo de não sobreviver ao sair do relacionamento diante de ameaças sofridas.
É fundamental que essas mulheres se empoderem do desejo de buscarem uma vida fora dessa realidade, que busquem ajuda, que denunciem e encontrem um lugar de refúgio, seja através de familiares, amigos ou de políticas públicas que devem ser constantemente reforçadas.
Que essas mulheres saibam que por mais difíceis que os recomeços pareçam ser, eles serão uma possibilidade de uma nova vida.
Mulheres, não desistam de vocês!
Para denúncias, ligue 180.
Simone Souza é psicóloga e psicanalista, formada em História e especialista em psicopatologia clínica, e parentalidade e perinatal idade, atende online e presencialmente no Espaço Curar- clínica de autocuidado. Localizada em Ipiaú- Ba.
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