Só para situar: A dupla de cartunistas norte-americana William Hanna e Joseph Barbera, criadora da empresa Hanna-Barbera, tem entre seus personagens de desenho animado uma hiena, de nome Wardy, cuja principal característica é ser altamente pessimista. Ao contrario das outras de sua espécie, Ward quase ou nunca ri e nitidamente é marcada pelas frases: – Oh dia! Oh azar! Isso não vai dar certo. A hiena Ward forma dupla com um leão armador chamado Lipi que vive tentando se dá bem. Sem o cacife de Hanna-Barbera, mas com a criatividade que Deus lhe deu e Ipiaú confirmou, João Araújo, o homem do “Programa de Calouros”, ou “Show de Talentos”, produziu uma dupla bem parecida com aquela criada pelos gringos.
Ailton Gospel e Sidney Magal (o genérico) não são assim tão amigos, mas estão sempre unidos pela rivalidade no palco. O povo escolhe um ou outro. Quando a escolha não recai em sua pessoa, Ailton reclama tanto que João sempre busca um jeito de agraciá-lo, entretanto mesmo ganhando ele continua reclamando. Magal no seu estilo “Lipi” fica lá no “Má Rapado”, curtindo todas.
Foi no grito, nas lamentações e reclamações que Ailton apressou essa crônica. Eu queria fazer algo melhor, mais digno da sua grandeza folclórica, mas a pressão era tanta que não teve alternativa. Diz o ditado que apressado come cru, então vai esse prato no dia do aniversário dessa grande figura.
Ailton Bispo da Silva, nasceu do outro lado do rio, no município de Itagibá, precisamente na fazenda de dona Branca Pereira, em frente ao Areião do Arara. Lavou carros, concluiu o ensino fundamental e na mais pura das invocações descobriu o dom de cantar.
No ano da graça de 1986, em plena Festa de São Roque, estreou no Programa de Calouros. O tipo meio tímido, as insistências e desafinos apontavam que o seu destino era por ali mesmo. O povo gostou, se divertiu. Nos anos seguintes a presença de Ailton se tornou imprescindível no espetáculo.
Criou fama, virou figura típica da Rua Dois de Julho, ingressou no folclore de Ipiaú e se declarou torcedor do Flamengo. Sabendo que tudo no tempo é passageiro, Ailton aproveita boa parte do seu tempo passeando nos ônibus que fazem o transporte coletivo urbano deste município. É turista em sua própria cidade. Nessas viagens ele busca avistar, pela janela, a mulher que tanto procura.
Ailton quer uma companheira de qualquer jeito, embora tenha sempre alguém querendo contrariar essa fixação. Ele lamenta a azaração, jura que é perseguição, acusa os desafetos, aguça o protesto, ameaça recorrer ao Ministério Publico. “Com sentimento não se brinca”, adverte.
Brincadeira ou verdade o certo é que algumas mulheres já lhe paqueraram. Acontece que algo sempre atrapalha. Oh dia! Oh azar! Isso não vai dar certo… Tem um momento que as portas se abrem e tudo de bom acontece. Quem sabe hoje seja a hora e a vez de Ailton realizar esse sonho. “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Feliz Aniversário grande cantor. (Giro/José Américo Castro)