Ele estava para a Cantina do ABC, em Ipiaú, do mesmo jeito que Clarindo Silva esteve para a Cantina da Lua, no centro histórico de Salvador. Paulo César Rocha Sá, o popular “Cesão de Alfredo”, tornou seu estabelecimento comercial, no Alto da Prefeitura, num bar tão pulsante quanto o famoso point do Terreiro de Jesus, guardando as devidas proporções, é claro. A denominação original foi em homenagem à antiga Rua do ABC, atual Rua Tomé de Souza, onde a cantina estava localizada. Ocorreu que alguns dos seus criativos frequentadores, no auge da empolgação etílica, apressaram em dizer que a sigla tinha outro significado: “Aprenda Beber Cachaça”. Prevaleceu esta hipótese.
A Cantina do ABC era um cubículo pouco ventilado, sem conforto material e muito disputado por intelectuais, artistas, políticos, atletas, boêmios e vagabundos. Durou quase uma década, tempo suficiente para contribuir com a grande efervescência cultural que o “Município Modelo” experimentava naquela época de reflexos tropicalistas. Foi inaugurada no Dia de Finados, 02 de novembro de 1975 e fechou suas portas em abril de 1982.
Dali surgiram músicas, poesias, movimentos, candidaturas, articulações, jogos, fofocas, piadas, coisas que marcaram a cidade e ganharam destaque na historia local. A vida dos outros nunca deixou de ser poupada. Cesão assistia a tudo em fiel cumplicidade. Opinava, incentiva e às vezes se ‘retava’ com os bebuns mais inconvenientes, ou quando algum atiçado maconheiro acendia um baseado , barrufando o ambiente inteiro.