Era na Festa de São Roque, território do Programa de Calouros, invenção genial do saudoso apresentador João Araújo, que ele costumava emplacar seus sucessos. O show continua nas campanhas eleitorais quando levanta a bandeira dos candidatos e mostra sua habilidade de pé de palanque. A façanha se repete desde os tempos dos “garranchos”.
Sidney Magal, por engano de percurso, ou por pura ironia, tem algo que lembra o homônimo famoso, aquele da cigana Sandra, Rosa, Madalena. Só lembranças…. O cantor daqui mora no “Marrapado”, perto do “Cantinho do Céu”. Correu chão, foi a São Paulo, passou sufoco, ralou na construção civil, rolou nos corredores do metrô, cantou na garoa e concluiu que seu negocio era Ipiaú. Um dia voltou.
O pedreiro Manoel Vieira nem sabia que a fama lhe esperava nestas bandas do hemisfério. Foi quando, numa Festa de Santo Antônio, em Japomirim, aceitou o desafiou de participar de Show de Calouros. Subiu no palco e a plateia entendeu de imediato que ali nascia uma estrela. Mesmo às avessas.
O seu estilo caricato é um prato feito ao gosto do povo, sempre ávido por bizarrices. O jeitão de cigano por engano, o rebolado improvisado e a escolha de uma musica do autentico Sidney Magal, estimularam João Araújo e lhe cravar o apelido que ficou em definitivo.
Naquela noite foi desclassificado do programa, mas ganhou cadeira cativa no rol dos folclóricos. A partir de então, em todas as edições do Show de Calouros, sempre encontramos Magal (o genérico) tentando imprimir seu charme, procurando convencer os jurados, desafinando e desafiando as vaias. Insistiu tanto que se tornou atração especial.
João Araújo criou um quadro (O Povo Decide), onde, invariavelmente os finalistas são Magal e Ailton Gospel, outra figura que o folclore desenhou.
Nas campanhas eleitorais do PMDB, lá está Magal com seu estilo genérico, marcando presença, rebolando, improvisando, animando o pé de palanque, fazendo a multidão rir, provando que na democracia tem lugar pra tudo e todos. Lhe basta uma brecha para cantar, pois é assim que se sente feliz.
Nessa disposição ajudou a eleger Hildebrando Nunes Rezende, Ubirajara Costa e Deraldino Araújo. Considera “Dera”, o melhor prefeito que Ipiaú já teve. “Ele me deu Cesta Básica e Bolsa Família”, justifica a consideração.
Na condição de genérico, Magal desmistifica que seja admirador do original : “Eu não sou fã desse cara, porque o meu sangue não se uniu com o dele. Eu gosto mesmo é de Raul Seixas ”.
De Ipiaú ele diz: “É uma terra boa, mas o desemprego tá demais. Pra ganhar a vida tenho que rebolar no pesado, quebrar pedra na pedreira, fazer brita e vender barato”.
Botas, em estilo roló, cabelos cheios, topete, costeletas, barba rala, cara de pau que só ele mesmo. Magal é assim na sua originalidade genérica, no seu amor pela musica, na franqueza do seu sentimento. Da dança, com os famosos rebolados travotianos, ele revela: “Gosto muito, até ganhei medalha em Itagí, mas os nervos tão ficando duros. Nem sebo de carneiro dá jeito”. (Giro/José Américo)