Os pioneiros que um dia chegaram não plantaram somente os cacauais, mas também a cultura, a educação, o comércio, a organização social e fundiária. Nesse time entram em campo Moysés Santos, Servolo Ornellas, Noival Suarez e Evelina Freire, dentre outros. Na foto que ilustra este capítulo alguns deles aparecem no grupo retrato em frente à residência do italiano José Miraglia, na atual Praça Rui Barbosa.
Moysés Santos
No ano de 1916 o lugarejo que veio a se tornar na cidade de Ipiaú foi elevado à condição de Distrito de Paz e recebeu o nome oficial de Alfredo Martins, em homenagem ao presidente da Câmara Legislativa de Camamu. A partir de então teve inicio a instalação de repartições públicas, sendo um delas a Escrivaninha de Paz, a qual foi confiada ao cidadão Moysés Ferreira dos Santos que antes residia em Camamu. Clemilton Andrade descreve Moysés Santos desta maneira: -Individuo de estrutura alta, bem nutrido, alegre, simpático. Dada a representação do seu cargo (o mais elevado da época)Moysés tornara-se por muitos anos a principal figura do lugarejo”. O Juízo de Paz foi entregue ao cidadão Avelino Rocha Galvão de Melo que antes exercia as funções de médico charlatão.
Noival Suarez
Filho de espanhol, negociante em Salvador, Noival Durant Suarez, pai do ex-vereador Normando Suarêz, é outro personagem que faz parte do grupo pioneiro do município de Ipiaú. Noival exerceu a função de agrimensor. “Os imigrantes derrubavam matas e faziam suas plantações em terrenos do Estado. Tinham porem de mandar medir as suas glebas e para isso chamavam os agrimensores, que passavam por engenheiros. Clemilton Andrade conta que Noival era “possuidor de um espírito alegre e extrovertido, humorista nato, gargalhava e fazia gargalhar os seus interlocutores com suas tiradas espirituosas. Adquiriu uma propriedade e também plantou cacau”.
Servolo Ornellas
Por volta de 1920 o povoado já se chamava Rio Novo, nome que segundo a historiadora Sandra Regina Mendes só foi adotado oficialmente, dez anos depois, na ocasião da elevação à categoria de sub-prefeitura. Foi nessa época que chegou por estas plagas um individuo irrequieto chamado Servolo Ornelas, proveniente de Santo Antônio de Jesus. Este homem tinha um prelo manual com o qual compunha e imprimia o jornal “O Democrata”, de conteúdo noticioso, humorístico e político. Clemilton Andrade traça assim o tipo físico de Servolo:-Homem de estatura alta, magro, nervoso, sorrisos e voz estridentes, os dois caninos superiores desmedidamente grandes, recobertos de ouro, faiscavam quando esganiçava a boca com seu alto e largo sorriso”. Além da imprensa Servolo Ornelas em sociedade com Avelino Melo implantou em Rio Novo o trafego postal, isto é, o correio. “Lá por volta de 1922 (conta Clemilton Andrade), foi criada a Agência Postal, sendo essa repartição entregue a Servolo que instalara em sua própria residência e a dirigira como agente até 1936, passando a tesoureiro da referida agência, já então postal telegráfica”. Servolo era avô do ex-senador e ministro da Previdência Social, Waldeck Ornelas.
Evelina Freire
A primeira escola pública estadual de Rio Novo foi instalada no ano de 1923 e teve como regente a professora Evelina Freire. A principio essa escola funcionou na principal sala da residência de Moysés Santos depois foi transferida para uma casa isolada, em um pasto, entre a propriedade dos árabes (nas imediações da atual agencia do Banco do Brasil) e a parte principal do lugarejo. A professora Evelina lecionou até o ano de 1952, quando se aposentou. (Giro/José Américo Castro)