Giro Ipiaú

Praça Clériston Andrade em tempos de pacificação

Praças de Ipiaú – Localizada na zona norte da cidade, entre o Bairro Constança e a Rua Nova Conquista, a Praça Clériston Andrade cumpre a sua função social. Mesmo não sendo devidamente equipada, é aconchegante e bem frequentada pelos moradores da área. Sombreada por cinco árvores, além de alguns arbustos, dotada de três canteiros gramados e com razoável iluminação noturna, ela tem sido palco de eventos religiosos e memoráveis comícios eleitorais. Seu nome foi dado em memória à um ilustre ipiauense que chegou a ser prefeito de Salvador e seria governador da Bahia se um trágico acidente aéreo não tivesse lhe ceifado a vida.
“Arrupiada” e Cruzeiro foram denominações anteriores do logradouro que até a década de 1980 era carente de infra-estrutura básica e repleto de casebres, os quais se estendiam em um faixa estreita  cheia de deficiências. Nos períodos chuvosos ficava enlameada e quase intransitável. Dentre os seus antigos moradores tinham os cidadãos conhecidos como Milton, Vardo Rampa e Zé Cutelo. No centro de um  terreno baldio foi afixada uma enorme cruz de madeira e foi isso que motivou o nome de Rua do Cruzeiro. Oficialmente a artéria é denominada de Rua Leonizia Andrade Nogueira.
Coube ao ex prefeito Hidelbrando Nunes Rezende promover a urbanização do terreno onde a cruz foi afixada e transformá-lo em uma praça. Isso aconteceu em 1983, ano do cinquentenário da emancipação de Ipiaú. Numa demonstração de gratidão e grandeza democrática, Hidelbrando, militante histórico do PMDB,  batizou a praça com o nome de Clériston Andrade. Um ano antes, o homenageado estava em campanha para o Governo do Estado, concorrendo pelo PDS por indicação de Antonio Carlos Magalhães. O helicóptero em viajava chocou-se contra um serra em Caatiba, no sudoeste baiano, matando todos os seus ocupantes.
Na gestão do prefeito Miguel Coutinho, sucessor de Hildebrando, a rua foi pavimentada e muitas casas receberam melhorias. Foi nesse período que a praça, por indicação do vereador Jaldo Coutinho Brandão, morador da região, ganhou um televisor, proporcionando mais sociabilidade e lazer para a comunidade. A partir de então outras praças da cidade também ganharam o equipamento.
Atualmente a Praça Clériston Andrade tem em seu entorno dois supermercados, diversos outros  estabelecimentos comerciais, templos religiosos e bons prédios residenciais. Seu público usuário é diversificado, tendo como mais frequente  o pessoal do dominó. Jaldo Brandão lembra que muita coisa evoluiu desde os tempos da antiga “Arrupiada”, nome que ele atribui ter sido originado de uma turma que arrepiava os rivais que ali ousavam lhes desafiar. Era uma época em que ocorriam confrontos constantes, tiroteios, cenas de valentia. Renatão, Mestre e Beto Punk foram alguns protagonistas daquelas proezas. Hoje a área está pacificada e cada vez mais progressista.
Clériston Andrade – Era natural de Ipiaú e diácono da Igreja Batista. Como político, começou na condição de procurador-geral do município de Salvador na administração do então prefeito ACM. Quando este deixou a prefeitura da capital baiana para se candidatar a governador da Bahia por via indireta, em 1970, Clériston assumiu a prefeitura da cidade. Em 1971, ACM, já como governador, o confirmou como prefeito, garantindo a sua permanência até 1975. Em 1979, no segundo governo de ACM, foi nomeado presidente do Banco do Estado da Bahia (Baneb), abandonando o cargo para se candidatar ao governo da Bahia em 1982, pelo PDS. Foi quando aconteceu o acidente. (Giro/ José Américo Castro).