Os impactos do crescimento. “Na década de 20, a localidade era tão farta que possuía muito mais vendedores que compradores”, observa a historiadora Sandra Regina Mendes. Praticamente todos os moradores tinham sua roça que lhes provinha o sustento básico. Nessa época o aglomerado urbano sofreu vertiginoso crescimento. A chegada de novas pessoas possibilitou a especulação imobiliária e o aumento de número de casas. Com a emancipação (em 1933) e as sucessivas administrações municipais Ipiaú começou a experimentar crescimento e sofrer grandes transformações urbanas.
Surgiam novas ruas, bairros, avenidas, obras de infraestrutura e saneamento básico, prédios escolares, postos de saúde e outros benefícios. Na gestão do prefeito Pedro Caetano Magalhães de Jesus, no período de 1948-1952, foi construído o Estádio de Futebol que atualmente tem o seu nome.
Na gestão do médico Salvador da Matta (1955-59), fundador do Ginásio de Rio Novo, foi construída a ponte sobre o Rio das Contas, ligando Ipiaú à Vila de Japomerim, no município de Itagibá. Seu sucessor José Motta Fernandes (1959/1963) constrói a ponte sobre o rio Água Branca, o Mercado Municipal e outras obras importantes.
Nessa época Ipiaú já contava com 20.000 habitantes. Novas transformações urbanas viriam a acontecer na gestão do prefeito Euclides José Teixeira Neto (1963/67), ocasião em que Ipiaú recebe o titulo de “Município Modelo da Bahia”. Coube a ele a construção do Ginásio Agrícola Municipal de Ipiaú (GAMI), o Parque de Exposições, o Bairro da Democracia. Foi um período de grande expansão urbana.
Nas décadas de 1970/80 são abertos loteamentos, pelos senhores Américo Castro, Waldemar Sampaio e Antonio Luz. Esses empreendimentos resultaram nos bairros da Conceição, Constança, Aloísio Conrado, Santana e ACM. O processo expansionista continuaria impondo transformações urbanas nas décadas seguintes quando Ipiaú foi se consolidando como polo do comercio regional. Antigos prédios residenciais deram lugar a modernas lojas e outros estabelecimentos comerciais.
Com o advento da mineração do níquel no município vizinho de Itagibá, na primeira década do século 21, a especulação imobiliária se intensificou em Ipiaú. Apesar da cidade não lucrar com os royalties com a chegada da mineradora Mirabela, em 2007, já que a empresa está localizada oficialmente na cidade de Itagibá, os impactos se convergiram no centro de Ipiaú. “E ainda assim nosso orçamento continua pequeno”, afirmou o secretário de urbanismo Helvécio Cardoso.
A cidade cresce em todos os quadrantes, de forma desordenada. As bucólicas paisagens dos seus arredores dão lugar a conjuntos residenciais, avenidas, ruas, praças. Alguns bairros surgem de maneira desordenada e contribuem com o inchaço das periferias. Com o crescimento das invasões irregulares, aumentaram a prostituição, os conflitos sociais e a necessidade de mais serviços públicos.
Moradores antigos de determinados bairros precisam, hoje, conviver com lojas comerciais que não existiam e surgiram com a chegada de trabalhadores da empresa Mirabela vindos de outros estados. Essa tendência poderá se manter se a administração do município não aplicar com urgência o que recomenda o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. Ainda assim, em Ipiaú não houve crescimento vertical. O único prédio que começou a ser construído permanece inacabado no centro da cidade. Novos bairros começam a surgir em cima das montanhas, com casas luxuosas. (Giro/ José Américo Castro)