A Justiça do Rio concedeu liberdade condicional ao ex-goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, condenado a pena de 20 anos e 9 meses de reclusão pela morte e desaparecimento do corpo da modelo Eliza Samúdio, em 2010. A decisão de quinta-feira (12) é da juíza da Vara de Execuções Penais, Ana Paula Filgueiras, e foi divulgada neste sábado (14).
“Não existe impedimento concreto à concessão do livramento condicional ao apenado, na medida em que ele preenche o requisito objetivo necessário desde 10/04/2022, conforme cálculo do atestado de pena atualizado. Quanto ao mérito, o apenado desempenhou atividades laborativas após a concessão da progressão de regime e cumpriu regularmente as condições da prisão domiciliar, valendo destacar que não há novas anotações na Folha de Antecedentes Criminais (FAC)”.
O Ministério Público do Rio de Janeiro tinha se manifestado contrário ao benefício e solicitou à Justiça a elaboração de exame criminológico. A juíza Ana Paula Filgueiras indeferiu o pedido, citando a decisão que autorizou regime semiaberto para Bruno, em 2019. (mais…)
Série Praças de Ipiaú – A Praça dos Cometas é um tradicional logradouro de Ipiaú que sofreu transformações ao longo do tempo, estando hoje um tanto descaracterizada da sua função social original. Bifurcação das avenidas Lauro de Freitas e Getúlio Vargas e da Rua Alfredo Brito, modernizada pelo asfalto, mas ainda contando com a relíquia dos paralelepípedos em parte do seu piso, o espaço guarda lembranças de uma época memorável. Boêmios, valentões, policiais, comerciantes, jogadores de futebol e carteado, corretores de imóveis, gente de todo tipo transitavam no lugar.
Ali, em um sobrado que hoje foi adaptado como biblioteca, funcionou por muito tempo a Delegacia de Policia, cujo carcereiro se chamava Nezinho. No destacamento tinha Zé Soldado, Naná, Gilbertão, Farangoso, João Guardinha, Cabo Zezito e outros valentes homens da lei sob o comando do capitão Milton Pinheiro, Tenente Orlando, Calazans e cia… O Colégio Ângelo Jaqueira começou sua historia no mesmo prédio. Na vizinhança do quartel, a padaria de seu Everaldino que também fundou a torrefação “Café Rio Novo”, a venda de seu Artur, os bares de Lôzo, Zé do Leite, o armarinho de Nozinho, a pensão de dona Rute. Um pouco mais adiante, já na entrada da Rua de Jequié, atual Avenida Lauro de Freitas, a tenda de Evaristo Santana, artesão com especialidade em selas e arreios de cavalos. O Moinho Cometa e outros estabelecimentos, além de residências, completavam o cenário da área.
Da rapaziada que por ali se reunia antes de ir para o areão do Rio de Contas, ou aos bregas dos Dez Quartos e Tia Ló, surgiu um time de futebol que tinha o mesmo nome da praça e no escudo do uniforme áureo-negro, a figura do astro errante. Ficou na história um comício que o deputado Urbano de Almeida Neto, realizou no local. Dizem que vibrações sobrenaturais baixaram naquele evento, tornando o local ainda mais lendário. Um dia João Batista Madeiro instalou um Posto de Gasolina no canteiro central da praça e aí começou a descaracterização. Hoje no lugar do Posto Três Marias que também foi propriedade de Hélio Veloso, tem uma lanchonete e nos domínios dela, o monumento com a placa onde foi registrada a fundação da praça e aconteceu a comemoração dos 25 anos de emancipação política de Ipiaú. O nosso Jubileu de Prata.
O monumento se encontra desfocado, desprezado, enquanto a inscrição na placa está praticamente inelegível. No mínimo a Prefeitura deveria dar uma atenção, com a devida manutenção, a este e outros marcos históricos da cidade. A Praça dos Cometas foi inaugurada em 1959 pelo prefeito José Motta Fernandes. Um ano antes, ainda na gestão de Dr.Salvador da Matta, quando a cidade comemorava seu 25º aniversário de fundação, foi promovido um grande evento, ”razão pela qual os viajantes comerciais do Estado – à frente dos quais seu líder Abdon Barreto –deitaram suas tendas azuis para uma semana de festas”. (Giro/José Américo Castro)
Faleceu, neste sábado, 14, Nádia Celeste, 62 anos, professora aposentada da rede municipal de educação de Ubatã. A educadora, que trabalhou muitos anos em escolas municipais, foi vítima de um aneurisma. A Secretaria de Educação emitiu uma nota e lamentou o passamento de Nádia. “É com pesar que lamentamos o falecimento de Nádia Celeste, professora aposentada da rede municipal de educação. Nádia deu uma grande contribuição para o nosso município ao ajudar a educar centenas de alunos, pessoas, cidadãos. Desejamos que o espírito de Deus repouse sobre os corações de familiares e amigos”, diz a nota. Em tempo, o velório ocorreu na Pax Nacional e o sepultamento às 10h deste domingo, no cemitério Jardim da Saudade, em Ipiaú. (Ubatã Notícias)
Série Praças de Ipiaú – Um Projeto de Lei do vereador Herbeth Manoel Campos, em 11 de maio de 1995, deu o nome de Everaldino Pereira dos Santos à uma praça localizada entre o Bairro Constança e a Rua Nova Conquista. Antes o local era chamado de “Rupiada”. No dia 9 de janeiro de 2015 o prefeito Deraldino Araújo inaugurou a obra de requalificação do logradouro que se desenvolveu com a técnica de bio construção, introduzida em Ipiaú por Canrombert Almeida, então Diretor de Obras do Município. A planta foi concebida de acordo com a geografia da área. Piso, canteiros, assentos e equipamentos de lazer, a exemplo de um Parque Infantil, tornaram o espaço em local agradável e bem visitado. As árvores que ali se encontravam foram preservadas e mais valorizadas, mostrando assim a preocupação de harmonia ambiental do projeto paisagístico. O espaço é agradável e bem visitado. Sua função social vem sendo cumprida a contento.
Everaldino Pereira dos Santos, o cidadão homenageado com o nome da praça, nasceu em Itagibá no dia 2 de novembro de 1920 e faleceu em Salvador no dia 15 de julho de 1982, entretanto grande parte da sua existência foi em Ipiaú, embora também tivesse morado em Jequié e Brasília. Ele era casado com dona Maria Anália dos Santos com a qual constituiu uma descendência de oito filhos, dez netos, sete bisnetos e um tataraneto. Foi membro ativo da 1ª Igreja Batista de Rio Novo, tinha natureza pacifica e capacidade empresarial. Teve uma pequena fábrica de manteiga, uma saboaria e diversos outros estabelecimentos industriais. Fruto do seu empreendedorismo são as empresas Café Rio Novo, com projeção regional, e Panificadora Aurora, ambas ainda sediadas na Praça dos Cometas e bem consolidadas no mercado. Nessa área da cidade Everaldino viveu, criou os filhos Walmick, Waldeck, Agnaldo, Valdimary, Marivaldi e Vânia e fez boas amizades.
Everaldino Pereira dos Santos foi um homem bom, honesto, temente a Deus, e com muito amor ao próximo. Muito auxiliou pessoas carentes que moravam nas imediações da Praça dos Cometas. Tirava do próprio bolso, sem esperar retorno, para resolver problemas alheios. Saciou a fome de muita gente, exerceu a fraternidade que é a base da doutrina cristã. Amou ao próximo com a si mesmo. Entre seus melhores amigos estavam o comerciante Artur Pereira, o serventuário da Justiça, Expedito Januário (pai do pastor Carlos César Januário), o empresário Waldemar Sampaio, o fazendeiro Otávio Ferreira (Ota) e o saudoso Amâncio Felix dos Santos. Todos lhe admiravam e respeitavam. Por tudo isso e tantos outros atos de grandeza humana que não foram citados neste texto, seu Everaldino se fez merecedor de justas homenagens. Seu nome em uma das praças da cidade é motivo de honra para Ipiaú. (GIRO/José Américo Castro)
Série Praças de Ipiaú – Amâncio Félix dos Santos viveu 103 anos, contribuiu para a edificação Primeira Igreja Batista de Rio Novo, constituiu numerosa descendência, fez fortuna com honestidade, semeou a paz , entrou na história e teve seu nome emprestado a uma das praças de Ipiaú. Discreta como a própria pessoa que motivou a sua denominação à Praça Amâncio Félix, na zona norte cidade, é ponto estratégico de deslocamento para diversos bairros periféricos. Foi construída e inaugurada pelo ex-prefeito Hildebrando Nunes Rezende que ali implantou um monumento com o busto do respeitável cidadão. Em frente a esta praça, ainda existe a casa sede do sitio que pertencia ao senhor Amâncio. O processo de expansão urbana tornou o local muito mais habitável.
Amâncio Félix começou sua vida de fazendeiro com uma pequena criação de porcos, abatendo um a cada semana e vendendo a carne na feira da então Vila de Rio Novo. Juntou dinheiro, adquiriu terras, fez pastagens e dedicou-se à pecuária bovina e depois à agricultura. Prosperou e tornou um dos maiores cacauicultores do município. Foi dono da Fazenda Oceania que hoje pertence ao empresário José Mendonça e também pertenceu ao ex deputado Urbano Almeida Neto, o lendário “Urbano Cem Contos”.
Amâncio fez parte do grupo que articulou a mudança do prédio da 1ª PIB de Rio Novo para a Praça Alberto Pinto. Antes a igreja, então pastoreada por Abílio Pereira Gomes, funcionava na Rua Dois de Julho. Ao iniciar-se o levantamento de recursos para a compra do terreno coube a ele a doação da maior quantia: CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros velhos). Homem de natureza pacifica, fala mansa, o decano Amâncio Félix dos Santos foi um dos mais respeitáveis e honestos cidadãos ipiauenses.(Giro/José Américo Castro).
Série Praças de Ipiaú – Localizada no inicio da lendária Rua do Sapo, convergência das ruas José Muniz Ferreira, Jaldo Reis, Itapagipe, Alto da Bela Vista e Avenida Getúlio Vargas, próxima à via de acesso ao Centro de Abastecimento, a Praça Emidio Souza Barreto cumpre a sua função social no cotidiano de Ipiaú. Antes de ter esta denominação ela era chamada de Praça Quadalajara, em homenagem à cidade que tão bem recepcionou a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, no México.
O terreno foi doado ao município pela cacauicultor Antonio Calumby. Em 1988, primeiro ano da gestão do prefeito Miguel Coutinho foi urbanizada e oficialmente inaugurada, ganhando, por indicação do então vereador Plínio Nery, Lemos o nome de Emidio Barreto. Sombreada por quatro árvores, esta praça tem um traçado simples e atende a população residente, ou frequentadora, de uma das mais movimentadas áreas da cidade. Vendedoras de acarajé e outras iguarias, camelôs, propagandistas, costumam armar barraca por ali. No finalzinho da tarde é hora do encontro de amigos, uma partidinha de dominó, aquele papo legal…
Emídio Souza Barreto foi um dos mais abnegados moradores da área. Figura simples e criativa, cidadão honesto, muito trabalhador, ele prestou relevantes serviços à comunidade e por tantas vezes se colocou à frente de movimentos, promoveu eventos, militou na política local pelo antigo MDB, revelou-se um grande orador. Foi um ato de justiça lhe prestar a homenagem póstuma com o nome da praça. Ninguém melhor do que ele para simbolizar a garra e a história da gente que ali permanece.
Pioneiro do processo de industrialização dos subprodutos do cacau na região, Emídio Barreto deu preciosas lições aos monocultores do cobiçado fruto.Mostrou que um “toque de Midas” poderia ser dado no que antes eles desprezavam.Transformou os subprodutos em bebidas, licores, doces, geléias, vinagre, enfim deu valor a tudo que antes iria para o lixo.
“Aproveitou o imprestável, criando empregos, gerando riqueza e bem-estar”, destacou Euclides Neto, escritor, advogado e ex prefeito deste município, em um artigo publicado no jornal Folha do Cacau, em 18 de julho de 1986. Num rudimentar laboratório instalado na antiga Rua do Cacau (hoje chamada de José Muniz Ferreira) ao lado da sua residência, seu Emidio começou a realizar testes até descobrir a geleia produzida através do mel do cacau. A descoberta lhe estimulou a prosseguir nas experiências e assim foi obtendo outros bons resultados.
Da pivide fabricou um doce muito saboroso; misturando a banana com a entrecasca do cacau criou o “Negobom”, iguaria que até hoje é comercializado em todo o Brasil. Depois vieram a batida, o licor, o vinho quinado, o vermuth, o vinagre, o aguardente, o doce da polpa, o caramelo e os tabletes. Tudo de cacau. A matéria prima da manufatura era proveniente da Fazenda Boa Vista ( 64 hectares) na região de Córrego de Pedras onde ele chegou a produzir 100 arrobas de cacau.
Natural do município de Jaquaquara, Emidio Barreto, irmão do comerciante e fazendeiro Cesário Barreto, chegou em Ipiaú no ano de 1948. Ele era casado com dona Almerinda Cardin Barreto e ao morrer, com a idade de 66 anos, deixou uma descendência de 8 filhos, 13 netos e 6 bisnetos. Um busto ou uma estátua de Emidio Barreto, com uma placa contendo o resumo dos seus feitos, bem cabe na praça que tem o seu nome. (José Américo Castro/GIRO)
Série Praças de Ipiaú – Localizada no alto das ruas Juracy Magalhães, Silva Jardim e José Muniz Ferreira (Rua do Cacau), a Praça Antonio Linhares é um ponto estratégico da cidade. Por ali passam diariamente milhares de pessoas em direção à diversos outros logradouros e caminhos do município. O espaço é utilizado por moradores das imediações e demais cidadãos que à sombra das suas árvores desfrutam momentos de lazer e descanso ou aguardam algum encontro. Com um traçado simples e agradável, o equipamento foi inaugurado na década de 70, durante a segunda administração do prefeito José Motta Fernandes.
Antes era chamada de “Praça da Fundação”, devido a sua aproximação do prédio da Fundação Hospitalar de Ipiaú. O nome de Antonio Linhares decorreu de um Projeto de Lei do ex-vereador Francisco Ferreira Oliveira (“Chico do Hospital”), que dessa maneira prestou uma justa homenagem a um honrado cidadão e patriarca de tradicional família ipiauense.
Antônio Linhares – nasceu no distrito de Castelo Novo, município de Ilhéus. Ainda jovem chegou em Rio Novo com intuito de plantar cacau. Adquiriu uma fazenda na região da Água Branquinha e iniciou o cultivo dos chamados “frutos de ouro”. Algum tempo depois conheceu Filomena de Souza, filha do fazendeiro Eduardo Félix, com a qual casou-se em uma cerimônia no casarão do seu amigo Domingos Castro, iniciando uma descendência de 18 filhos, 10 dos quais estão vivos, 32 netos, 44 bisnetos, 16 trinetos e 01 tetraneto. A necessidade de oferecer uma melhor educação aos filhos fez com que o casal fixa-se residência na cidade, onde por um longo tempo seu Antonio exerceu o cargo de Delegado de Policia. A residência de Antonio Linhares ficava bem próxima da praça que hoje tem seu nome.
Série Praças de Ipiaú – Na principal colina da cidade está localizada a Praça Alberto Pinto. Nela foram edificadas as sedes dos poderes Executivo e Legislativo do município e, bem próxima, a sede do Poder Judiciário, isto é, o Fórum da Comarca local. Na área também se encontra o prédio da secular 1ª Igreja Batista de Rio Novo, o que significa uma representação do Poder Eclesiástico. O prestigio do espaço que se configura como um Centro Administrativo aumenta com a presença do marco que indica ter sido Ipiaú detentor do titulo de “Município Modelo da Bahia”. O nome da praça homenageia um homem que investiu na cultura e fez da musica um sacerdócio.
Espaçosa, bonita, histórica, propicia aos atos públicos, a Praça Alberto Pinto tem em suas proximidades alguns estabelecimentos educacionais e a Loja Maçônica Fraternidade Rionovense. Está na rota da BR-330, o que lhe torna palco de intensa movimentação de veículos. O prédio da Câmara de Vereadores ocupa posição privilegiada neste cenário histórico da cidade. O imóvel foi construído para sediar a Prefeitura Municipal e nessa condição permaneceu por um longo tempo. No antigo prédio também funcionou o Museu do Lavrador que posteriormente foi desalojado.
O monumento que marca a conquista do titulo de Município Modelo da Bahia decorreu de uma ideia do ex-gestor Euclides Neto. “Em seu livro 64: Um Prefeito, a Revolução e Os Jumentos”, Euclides lembra que a matéria prima do monumento foi lavrada por obra do acaso em uma pedreira de propriedade da Prefeitura. O Governo Federal, através do INDA exigia que fosse cravado em frente ao prédio da Prefeitura um obelisco que indicasse o titulo recém-recebido. O prefeito pensou num tronco de boa madeira de lei, mas quando visitando a pedreira, notou que após a explosão da dinamite, caiu uma linda espátula de pedra e que ali estava o monumento. A pedra foi enfincada no centro da praça e nela afixada uma placa de bronze com a cópia do telegrama passado pelo Governador Lomanto Júnior: “ Ipiaú acaba de ser escolhido Município Modelo da Bahia”.
Alberto Pinto, o homem que emprestou seu nome à praça, chegou a Ipiaú no ano de 1926, vindo de Santo Antonio de Jesus. Era casado com dona Sinhazinha e teve muito filhos, sendo um deles o compositor Manoel Pinto (MAPIN) que fez o hino da cidade. Alberto Pinto tocava flauta e incentivava a juventude a dançar, cantar, declamar poesias. Desses saraus surgiu o Grupo Musical São Salvador, que adiante evoluiu para a Filarmônica Alberto Pinto, denominação dada em sua memória, do mesmo jeito que fizeram com a praça. *José Américo Castro/GIRO
Série Praças de Ipiaú – De um antigo campinho de futebol, à beira d’uma lagoa, surgiu a primeira praça do Bairro da Conceição. Por muito tempo o logradouro ficou sem nome até que a Câmara de Vereadores aprovou um Projeto de Lei denominando-lhe de Praça Orlando Cardoso Araújo. Algumas pessoas ainda não sabem disso, pois falta uma placa com tal indicação. A Praça Orlando Cardoso Araújo fica bem em frente ao Colégio Maria José Lessa de Moraes, sendo frequentada pelos moradores do bairro e os alunos do estabelecimento. É ampla e pouco arborizada. Se ali plantassem flores ficaria bem mais bonita. Há quem diga que esta praça deveria se chamar Maria José Lessa de Moraes, proprietária da Fazenda Conceição que deu origem ao bairro homônimo, mas foi bem merecida a homenagem a um cidadão que soube lhe aproveitar com toda intensidade. De corpo e alma seu Orlando viveu momentos felizes nesse pedaço da cidade.
Orlando Cardoso de Araújo, avô do goleiro Wladimir, do Santos Futebol Clube, nasceu em Jaguaquara, no sudoeste baiano, e chegou em Ipiaú no ano de 1963, em plena Ditadura Militar. Veio para exercer a função de coletor estadual, cargo que atualmente corresponde a auditor fiscal e nesta cidade ficou pelo resto da sua existência. Bom vivant, intelectual, seu Orlando curtia a literatura russa, com admiração especial pelo poeta Vladimir Maiakovski, não dispensava um carteado e muito menos uma boa pinga.
Foi um dos primeiros moradores do Bairro da Conceição e deu valiosa contribuição ao futebol ipiauense como dirigente da Liga Desportiva Rionovense -LDR-. Quando concluía o trabalho cotidiano que às vezes lhe exigia o uso de terno e gravata, despia-se das formalidades e seminu, apenas com o calção na virilha, exibindo o barrigão que em nada lhe envergonhava, ia bater um baba com a meninada. Brigava, xingava , disputava cada jogada como se fosse a final de uma Copa do Mundo. Tornava-se o menino que os adultos sonham mais não tem coragem de ser. Seu Orlando era casado com Valdelice Porto de Araujo ( dona Valda), teve cinco filhos ( Orlando Filho, Vladmir, Alida, Helvécio e Ariadne), onze netos e cinco bisnetos.Em 2 de Julho,de 1986, data da Independência da Bahia, fez a passagem rumo ao plano espiritual.Contava então com 56 anos de idade. *José Américo Castro/GIRO
Série Praças de Ipiaú – Antigamente, nos primórdios da cidade, ela era conhecida como Praça Tupinambá e comportava o campo de futebol, palco de memoráveis disputas dos times locais. Nessa condição permaneceu até os anos 50. Após a construção do Estádio Pedro Caetano, a área passou a ser chamada de Campo Velho. Circos, touradas, ciganos e turcos passavam temporadas naquele espaço, exibindo espetáculos, encantando crianças e adultos. No início da década de 1960 o prefeito José Motta Fernandes iniciou ali a construção do Mercado Municipal e algum tempo depois foi a vez da Feira Livre fixar-se no local que então já estava denominado de Praça Dr. Salvador da Matta.
Em setembro de 2010 a feira foi transferida para o Centro de Abastecimentos, próximo à Rua do Sapo, e a praça ganhou nova conotação. Consolidou-se como centro de atividades culturais e recreativas. Na Praça Salvador da Matta acontece a badalada Festa de São Pedro, além de outros eventos culturais e esportivos e tantas outras manifestações da cultura ipiauense. Parques de Diversões também a utilizam. O logradouro serve como estacionamento de veículos e centro de treinamento de motoristas. Skatistas e motociclistas costumam usar o local para as suas manobras espetaculares. O prédio do antigo mercado está destinado a um Centro Cultural, comportando o Museu do Lavrador e outros equipamentos.
Salvador da Matta. Com o nome deste homem a praça não poderia ter outra vocação, senão a da cultura. Gerações inteiras foram educadas por ele que trouxe a Ipiaú “a aurora de uma nova manhã”. Natural de Catu, Salvador da Matta chegou em Ipiaú no ano de 1938, iniciando o exercício da medicina, como clínico e obstetra, sempre em partos normais. Trabalhou na Fundação Hospitalar de Ipiaú, onde foi diretor algumas vezes. Clinicou no Sindicato Rural de Ipiaú e também exerceu a função de médico legista. Em 1950 fundou o Ginásio de Rio Novo (GRN) e tornou-se um grande educador, além de forte liderança política. Foi vereador e duas vezes prefeito (1955/59 e 1971/73), muito contribuindo com o desenvolvimento da cidade.
Em 30/11/1952 participou da fundação do Rotary Club de Ipiaú, atuando no mesmo por 50 anos. No ano de 1954 ampliou os horizontes do GRN criando a Escola Normal de Rio Novo nas mesmas instalações do Ginásio. Em 1967 voltou a ampliar os horizontes do GRN criando o Curso de Contabilidade por meio do Colégio Comercial de Rio Novo. Preparou terreno para que a UNEB fosse instalada em Ipiaú. Dr. Salvador da Matta era casado com dona Zélia Maria Martins da Matta, tendo sete filhos: José Alberto. Regina, Helena, Carlos Alberto, Salvador Júnior, Adélia e Virgínia que lhes deram netos e bisnetos. A cidade guarda a sua memória na mais alta consideração. (Giro/José Américo Castro)
Série Praças de Ipiaú – No centro comercial de Ipiaú, fazendo a linha divisória entre as ruas Dois de Julho, Castro Alves, Sete de Setembro e Moisés Santos, encontra-se a Praça Virgílio Damásio. A área é de intenso movimento durante os dias úteis da semana. Nela concentram-se algumas lojas, gráficas, repartições públicas e uma emissora de rádio, a “Educadora AM”. Aos domingos e feriados se pode melhor apreciar o seu traçado, a arquitetura que lhe circunda e visualizar alguns dos seus aspectos históricos. Bem no centro da praça observa-se um prédio em formato das antigas embarcações “gaiola” dos rios Mississippi e São Francisco. Este prédio, construído por Dorgival Castro, é uma das referências históricas do lugar. Atualmente ali funciona o escritório local da ADAB.
Durante muitos anos aconteceu na Praça Virgílio Damásio uma concorrida feira livre. Nesse mesmo período, até a década de 1970, o local também comportava a Delegacia de Polícia e o escritório das empresas do lendário “Urbano Cem Contos”, ou seja, o ex-deputado Urbano de Almeida Neto. Outra referência histórica da praça era o Hotel Glória, cujos tempos áureos foram vivenciados nos 50 e 60 e tinha como proprietário o Sr. Rafael Sampaio. A reunião de fundação do Rotary Clube de Ipiaú aconteceu nesse hotel. Não podemos deixar de mencionar a famosa “Loja Três Irmãos”, propriedade de Odilon Costa, e “A Norma”, loja de ferragens de Nelson Almeida que no próximo Mês de setembro completa 70 anos de existência.
Virgílio Clímaco Damásio (foto), a personalidade que emprestou seu nome à praça, foi médico do famoso jurista Rui Barbosa, de quem era primo. Também se destacou como professor da Faculdade de Medicina da Bahia, Governador do Estado em dois curtos períodos (18/11 a 23/11 de 1889 e 16/09 a 24/11 1890) e Senador da República. Na condição de governador tempo em que promoveu a reforma do ensino da medicina legal no estado e instituiu a constituinte estadual. (José Américo Castro/GIRO)
Um dos embriões de Ipiaú foi o espaço onde hoje está localizada a Praça João Carlos Hohlenwerger e imediações. Originalmente esta região da cidade era conhecida pelo nome de “Fuá” e aglutinava pessoas simples, muitas provenientes da zona rural que traziam seus produtos para negociar no povoado que no ano de 1916 o povoado passou à condição de Distrito de Paz com o nome de Alfredo Martins.
Décadas depois surgiam duas feiras livres na área do antigo “Fuá”. A primeira na Praça Virgílio Damásio e a outra na Praça João Carlos Hohlenwerger. No decorrer do tempo o local sofreu transformações, ganhando novos estabelecimentos, armazéns de cacau, órgãos públicos, lojas e até uma agência do Banco do Brasil. Enfim, tornou-se um dos pontos mais movimentados do centro de Ipiaú.
A Praça João Carlos Hohlenwerger não é propriamente um espaço de lazer, mas tem uma turma que a utiliza para animadas partidas de dominó. A sua denominação veio em homenagem a um homem que muito lutou pelo processo de emancipação política deste município. Com tanta história não poderia deixar de abrigar em sua parte central o monumento mais significativo da cidade. Tratasse de uma replica da Estátua da Liberdade, tendo em sua base placas com inscrições alusivas ao grande feito.
Ali se encontra o telegrama do então governador Juracy Magalhães anunciando a elevação do então distrito de Rio Novo à condição de município autônomo. Em outra placa está inscrita a gratidão dos munícipes ao Dr. Alfredo Brito (na época Secretário de Saúde do Estado) que contribuiu com a emancipação. Inaugurado em 2 de dezembro de 1934 sob a administração do prefeito Antonio Augusto Sá, o monumento foi inicialmente afixado na Praça Rui Barbosa e depois transferido para a Praça João Carlos Hohlenwerger.
A partir da Copa do Mundo de 1974 a Praça João Carlos Hohlenwerger passou a ser palco de comemorações das vitórias da Seleção Brasileira na maior competição futebolística do planeta. Com isso recebeu o apelido de “Praça Brasil”. Quem promovia a festa, inclusive a sua decoração com bandeirolas e outros adereços, era o artista plástico Herbeth Campos.
João Carlos Hohlenwerger, o homem que emprestou seu nome para a denominação oficial da praça, era de origem suíça-alemã e tinha a patente de Coronel da Guarda Nacional. Chegou na região por volta do ano de 1916. A ele coube a iniciativa de tentar a emancipação política do povoado. Na segunda metade da década de 1920 o distrito já tinha sido elevado à condição de vila com o nome de Rio Novo e João Carlos continuava pleiteando a sua alforria política. Deslocava-se até a capital do estado, onde, em prolongadas audiências, tratava do assunto com o governador J.J. Seabra e outras autoridades.
“O Coronel João Carlos era uma figura impressionante. De estatura baixa, gordo rotundo, vermelho, calvo, farto bigode torcido nas extremidades, parecia um barão”, descreve o historiador Clemilton Andrade em seu livro “Uma vida em várias épocas e lugares”. João Carlos Hohlenweger deixou uma descendência de sete filhos, dezenas de netos, bisnetos, tataranetos e um exemplo de grande amor pelo lugar que lhe acolheu.
*As praças da cidade e os significados dos seus nomes é o tema desta série de reportagens do jornalista José Américo Castro para o GIRO IPIAÚ. A intenção do pesquisador é remontar a trajetória de Ipiaú, por meio da contextualização e das representatividades destes espaços e monumentos, ressaltando a importância de cada cidadão ou acontecimento que emprestou seus nomes a esses logradouros públicos.
O casarão e sua varanda, palanque de grandes comícios
Na Praça Rui Barbosa, ao lado da Igreja Matriz de São Roque, um emblemático casarão chamava a atenção de todos que por ali passavam. Sua origem vinha do inicio da cidade. Tinha uma arquitetura adequada àquela época e foi construído pelo italiano José Miraglia. Depois ganhou aspecto mais robusto, com alvenaria alta.
Em frente à casa, os defensores da emancipação de Ipiaú
Era um local de decisões políticas, reuniões de notáveis. Nas épocas das campanhas eleitorais sua varanda ganhava a condição de palanque para memoráveis comícios. As fotos registram fatos importantes ali ocorridos. Defensores do processo de emancipação política do município, na década de 1920, posaram para a posteridade em frente à primeira arquitetura do prédio.
Campanha de Antonio Balbino ao Governo da Bahia
Em setembro de 1954 o então candidato ao Governo da Bahia, Antonio Balbino, realizou um grande comício no local, ao lado do então prefeito de Ipiaú, Dr. Salvador da Matta e outras lideranças políticas do município e região. Balbino disputava a eleição com Pedro Calmon e foi eleito governador no dia 3 de outubro do mesmo ano.
Outra imagem que ilustra esta matéria é referente à campanha do polêmico Jânio Quadros à Presidência da República, no ano de 1959. Zé Português, Astrogildo Pinheiro, Zezinho Mendes e José Motta Fernandes, dentre outros janistas se colocaram na varanda/ palanque para apoiar o candidato que utilizava a vassoura como símbolo e prometia “varrer” a corrupção do país.
Campanha de Jânio Quadros à Presidência da República
O homem da vassoura foi eleito e exerceu o mandato por apenas sete meses (de 31 de janeiro de 1961 e 25 de agosto de 1961). Renunciou ao cargo atribuindo isso às pressões das forças ocultas. Seu vice, João Goulart foi deposto pelo Golpe Militar de 31 de março de 1964, liderado pelo alto escalão do exército. Os militares favoráveis ao golpe, em geral, os defensores do regime instaurado no dia 1º de Abril daquele ano, costumam designá-lo como “Revolução de 1964”.
Comício em homenagem ao Golpe de 1964
Na ocasião, mais um grande comício foi realizado na varanda da casa, cujo novo proprietário era o fazendeiro e político José Motta Fernandes, que exerceu três mandatos na Prefeitura. Nesse conturbado ano de 1964 o prefeito de Ipiaú era Euclides Neto. Estudantes do recém fundado Ginásio Agrícola do Município de Ipiaú (GAMI) e de outros estabelecimentos educacionais da cidade, foram mobilizados para participar da manifestação. Muitos outros comícios da direita ipiauense aconteceram naquela varanda. Por muito tempo a casa foi morada da família de João Motta Fernandes, irmão de Zé Motta, e no cômodo em frente a varanda funcionou o escritório particular do ex-prefeito. Hoje no lugar do casarão existe um prédio onde funciona um escritório de advocacia e outras atividades. (José Américo Castro/Giro Ipiaú)
Os impactos do crescimento. “Na década de 20, a localidade era tão farta que possuía muito mais vendedores que compradores”, observa a historiadora Sandra Regina Mendes. Praticamente todos os moradores tinham sua roça que lhes provinha o sustento básico. Nessa época o aglomerado urbano sofreu vertiginoso crescimento. A chegada de novas pessoas possibilitou a especulação imobiliária e o aumento de número de casas. Com a emancipação (em 1933) e as sucessivas administrações municipais Ipiaú começou a experimentar crescimento e sofrer grandes transformações urbanas.
Praça Rui Barbosa
Surgiam novas ruas, bairros, avenidas, obras de infraestrutura e saneamento básico, prédios escolares, postos de saúde e outros benefícios. Na gestão do prefeito Pedro Caetano Magalhães de Jesus, no período de 1948-1952, foi construído o Estádio de Futebol que atualmente tem o seu nome.
Na gestão do médico Salvador da Matta (1955-59), fundador do Ginásio de Rio Novo, foi construída a ponte sobre o Rio das Contas, ligando Ipiaú à Vila de Japomerim, no município de Itagibá. Seu sucessor José Motta Fernandes (1959/1963) constrói a ponte sobre o rio Água Branca, o Mercado Municipal e outras obras importantes.
Nessa época Ipiaú já contava com 20.000 habitantes. Novas transformações urbanas viriam a acontecer na gestão do prefeito Euclides José Teixeira Neto (1963/67), ocasião em que Ipiaú recebe o titulo de “Município Modelo da Bahia”. Coube a ele a construção do Ginásio Agrícola Municipal de Ipiaú (GAMI), o Parque de Exposições, o Bairro da Democracia. Foi um período de grande expansão urbana.
Rua Dois de Julho
Nas décadas de 1970/80 são abertos loteamentos, pelos senhores Américo Castro, Waldemar Sampaio e Antonio Luz. Esses empreendimentos resultaram nos bairros da Conceição, Constança, Aloísio Conrado, Santana e ACM. O processo expansionista continuaria impondo transformações urbanas nas décadas seguintes quando Ipiaú foi se consolidando como polo do comercio regional. Antigos prédios residenciais deram lugar a modernas lojas e outros estabelecimentos comerciais.
Com o advento da mineração do níquel no município vizinho de Itagibá, na primeira década do século 21, a especulação imobiliária se intensificou em Ipiaú. Apesar da cidade não lucrar com os royalties com a chegada da mineradora Mirabela, em 2007, já que a empresa está localizada oficialmente na cidade de Itagibá, os impactos se convergiram no centro de Ipiaú. “E ainda assim nosso orçamento continua pequeno”, afirmou o secretário de urbanismo Helvécio Cardoso.
Cidade em 2014
A cidade cresce em todos os quadrantes, de forma desordenada. As bucólicas paisagens dos seus arredores dão lugar a conjuntos residenciais, avenidas, ruas, praças. Alguns bairros surgem de maneira desordenada e contribuem com o inchaço das periferias. Com o crescimento das invasões irregulares, aumentaram a prostituição, os conflitos sociais e a necessidade de mais serviços públicos.
Moradores antigos de determinados bairros precisam, hoje, conviver com lojas comerciais que não existiam e surgiram com a chegada de trabalhadores da empresa Mirabela vindos de outros estados. Essa tendência poderá se manter se a administração do município não aplicar com urgência o que recomenda o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. Ainda assim, em Ipiaú não houve crescimento vertical. O único prédio que começou a ser construído permanece inacabado no centro da cidade. Novos bairros começam a surgir em cima das montanhas, com casas luxuosas. (Giro/ José Américo Castro)
A foto retrata uma das fazendas que deram origem à cidade de Ipiaú.
No inicio era a mata virgem com seus bichos e índios, estes da nação Tapuia, temíveis pela valentia. Tinha espírito guerreiro, mas não resistiram à invasão do homem branco que chegou, em maior numero, a partir do inicio do Século XX. Os primeiros a pisarem no solo que hoje constituem as terras ipiauense foram extrativistas de óleos de madeiras e outras essenciais da mata virgem. O pesquisador Dilson Araújo, colheu junto a antigos depoentes que essas pessoas viviam em transito pela região e sendo assim a elas não pode ser atribuído o mérito de colonizadores.
O historiador Clemilton Andrade, tio do empresário Cleraldo Andrade, em seu livro “Uma Vida em Várias Épocas e Lugares”, importante fonte escrita primária da História de Ipiaú nos traz ideia dos primórdios da colonização.
-As matas iam caindo, seculares jequitibás, frondosos vinháticos, jacarandás, itapicurus, enfim todas as espécies que constituem a rica flora caiam aos vigorosos golpes dos machados vibrados pelos musculosos braços dos imigrantes. No lugar das matas surgiram então os cacauais, os cafezais e as pastagens. As ruas do lugarejo cresciam, se estiravam,novas levas de imigrantes chegavam, o comercio se expandia,negociava-se,roubava-se,brigava-se e matava-se”. (Giro/ José Américo Castro)
Os pioneiros que um dia chegaram não plantaram somente os cacauais, mas também a cultura, a educação, o comércio, a organização social e fundiária. Nesse time entram em campo Moysés Santos, Servolo Ornellas, Noival Suarez e Evelina Freire, dentre outros. Na foto que ilustra este capítulo alguns deles aparecem no grupo retrato em frente à residência do italiano José Miraglia, na atual Praça Rui Barbosa.
Moysés Santos
No ano de 1916 o lugarejo que veio a se tornar na cidade de Ipiaú foi elevado à condição de Distrito de Paz e recebeu o nome oficial de Alfredo Martins, em homenagem ao presidente da Câmara Legislativa de Camamu. A partir de então teve inicio a instalação de repartições públicas, sendo um delas a Escrivaninha de Paz, a qual foi confiada ao cidadão Moysés Ferreira dos Santos que antes residia em Camamu. Clemilton Andrade descreve Moysés Santos desta maneira: -Individuo de estrutura alta, bem nutrido, alegre, simpático. Dada a representação do seu cargo (o mais elevado da época)Moysés tornara-se por muitos anos a principal figura do lugarejo”. O Juízo de Paz foi entregue ao cidadão Avelino Rocha Galvão de Melo que antes exercia as funções de médico charlatão.
Noival Suarez
Filho de espanhol, negociante em Salvador, Noival Durant Suarez, pai do ex-vereador Normando Suarêz, é outro personagem que faz parte do grupo pioneiro do município de Ipiaú. Noival exerceu a função de agrimensor. “Os imigrantes derrubavam matas e faziam suas plantações em terrenos do Estado. Tinham porem de mandar medir as suas glebas e para isso chamavam os agrimensores, que passavam por engenheiros. Clemilton Andrade conta que Noival era “possuidor de um espírito alegre e extrovertido, humorista nato, gargalhava e fazia gargalhar os seus interlocutores com suas tiradas espirituosas. Adquiriu uma propriedade e também plantou cacau”.
Servolo Ornellas
Por volta de 1920 o povoado já se chamava Rio Novo, nome que segundo a historiadora Sandra Regina Mendes só foi adotado oficialmente, dez anos depois, na ocasião da elevação à categoria de sub-prefeitura. Foi nessa época que chegou por estas plagas um individuo irrequieto chamado Servolo Ornelas, proveniente de Santo Antônio de Jesus. Este homem tinha um prelo manual com o qual compunha e imprimia o jornal “O Democrata”, de conteúdo noticioso, humorístico e político. Clemilton Andrade traça assim o tipo físico de Servolo:-Homem de estatura alta, magro, nervoso, sorrisos e voz estridentes, os dois caninos superiores desmedidamente grandes, recobertos de ouro, faiscavam quando esganiçava a boca com seu alto e largo sorriso”. Além da imprensa Servolo Ornelas em sociedade com Avelino Melo implantou em Rio Novo o trafego postal, isto é, o correio. “Lá por volta de 1922 (conta Clemilton Andrade), foi criada a Agência Postal, sendo essa repartição entregue a Servolo que instalara em sua própria residência e a dirigira como agente até 1936, passando a tesoureiro da referida agência, já então postal telegráfica”. Servolo era avô do ex-senador e ministro da Previdência Social, Waldeck Ornelas.
Evelina Freire
A primeira escola pública estadual de Rio Novo foi instalada no ano de 1923 e teve como regente a professora Evelina Freire. A principio essa escola funcionou na principal sala da residência de Moysés Santos depois foi transferida para uma casa isolada, em um pasto, entre a propriedade dos árabes (nas imediações da atual agencia do Banco do Brasil) e a parte principal do lugarejo. A professora Evelina lecionou até o ano de 1952, quando se aposentou. (Giro/José Américo Castro)
Os árabes (Marons, Midlejs e Atalas) e aos italianos (Grissis e Miraglia) foram os primeiros a se fixarem na localidade que hoje constitui a cidade de Ipiaú. Isso ocorreu por volta de 1916, conforme registro do historiador Clemilton Andrade que prosseguindo em sua narrativa explica: -Chegaram depois Domingos Castro, proveniente de Muritiba, e José Bento, ocupando as extremidades do povoado e ,estabelecendo-se com fazendas para o sul.
Logo após a propriedade de Domingos Castro (no inicio da atual Avenida São Salvador) estabeleceram-se os senhores José Gomes e José Brandão. Um pouco mais adiante rio abaixo, estabeleceram-se os irmãos Hohlemwerger: João e Durval, de origem suíça.
Para a parte de cima, logo após os árabes e italianos que ocupavam a região onde hoje é o centro da cidade, vieram José Bento, Manoel Pedro, Leandro, Epifânio Vieira e já 9 km rio de Contas acima instalara-se Artur Duarte. Esses homens derrubaram matas, construíram casas, instalaram estabelecimentos comerciais, promoveram o crescimento do povoado.
Foto: Arquivo
Devido ao uso de armas de fogo por parte dos seus moradores que se envolviam em constantes brigas, o arraial foi batizado com a toponímica de “Rapa Tição”. Uma outra versão indica que a origem dessa denominação decorre da corruptela da palavra repartição. O local se tornara, por volta de 1920, um Distrito de Paz de Camamu, com a denominação de Alfredo Martins.
Os cartórios e escrivaninha de paz constituíram uma repartição que passou a ser uma referência da localidade. O povo da região ao se dirigir para o arraial dizia que ia à rapatição. Fuá e Encruzilhada do Sul foram outros nomes dados ao embrião de Ipiaú. Tem ainda outras versões que veremos adiante. (Giro/ José Américo Castro)
Em 17 de dezembro de 1930 o então distrito de Rio Novo foi elevado à condição de subprefeitura de Camamu. Com isso ganhou uma nova estrutura administrativa, inclusive tendo sido criado o cargo de subprefeito, o qual tinha a função de tratar das questões locais. Foram três os subprefeitos de Rio Novo: Waldomiro Almeida Santos, Osório Cordeiro da Silva que conseguiu que a subprefeitura fosse anexada ao município de Jequié, Leonel Dias Andrade (1931/32) e Antônio Augusto Sá (1932/33) em cuja gestão ocorre a emancipação política de Rio Novo (2-12-1933) continuando no cargo como prefeito nomeado. Ao conquistar a sua autonomia política, Rio Novo passou a contar com o cargo oficial de prefeito. Alguns desses prefeitos, a exemplo de José Mendonça, Hildebrando Nunes Rezende, José Motta Fernandes e Salvador da Matta (foto), também foram vereadores na Câmara Municipal de Ipiaú. Da relação dos prefeitos constam as seguintes personalidades:
Antônio Augusto Sá (17/12/1933-1934) – Quando subprefeito realizou os primeiros calçamentos de ruas (Siqueira Campos e Floriano Peixoto) da localidade. Durante a sua gestão o cenário político nacional estava muito agitado. Fundou o Partido Social democrático (PSD) no município e logo após sai do cargo.
José do Eirado Silva (07/10/1935-1936)- Filho do Coronel Guilherme Silva, um dos fundadores da cidade de Jaguaquara e cunhado de Leonel Dias de Andrade liderança política que o PSD pleiteava atrair para os seus quadros. Dai a substituição de Antônio Augusto Sá por José do Eirado Silva.
Leonel Dias de Andrade (1936-37) – Primeiro prefeito eleito. Em 1932, exerceu a função de subprefeito. Sofreu forte oposição dos integralistas que tinha em Rio Novo as lideranças de Durval Hohlenwerger Filho, Aristóteles Andrade e Dr. Fontana. Os integralistas desafiam as ordens do prefeito que então autorizou ao delegado Domingos Castro a recolher todas as camisas verdes, mesmo através da força. Após o golpe de 1937 (Estado Novo), Juracy Magalhães que não apoiou Getúlio Vargas foi destituído do governo da Bahia e o seu aliado Leonel Andrade exonerado do cargo de prefeito de Rio Novo. Com a ação do delegado teve inicio declínio do partido integralista no município.
Eurico Simões Paiva (17/12/1937-1938) – Era médico e foi responsável pela implantação da iluminação elétrica em Rio Novo. Em sua gestão também foi implantado o Posto de Higiene, com direção do médico Jaldo Reis. Esse trabalho promoveu a erradicação de varias epidemias na região. Exonerou-se do cargo de prefeito, depois que saiu sua nomeação como médico legista do estado.
Jaime Pontes Tanajura (11/03/1940-1943)-Médico e membro de família tradicional de Caetité. Fez o primeiro calçamento a paralelepípedos, na Rua Dois de Julho.
Agostinho Cardoso Pinheiro (26/03/1940-1943)- Advogado, natural de São Miguel das matas. Ampliou os calçamentos a paralelepípedos e promoveu melhorias em vários distritos. Na década de 1960 foi eleito deputado estadual. Era pai do artista plástico Antônio José Pinheiro e da professora Ana Maria Pinheiro.
Antônio Lisboa Nogueira (12/06/1945-1946)-Sergipano de Laranjeiras foi o primeiro cirurgião dentista a se instalar na região. Lutou pela emancipação política do município. Durante o seu mandato foi instalada a Comarca de Ipiaú, sendo o primeiro Juiz de Direito, Dr. Milton Costa. Mandou construir currais de matança (abatedouros bovinos) na sede e em todos os distritos do município. Auxiliou na fundação da Loja Maçônica, Rotary Club de Ipiaú e agencia local do Banco do Brasil.
José Borges de Barros (28/04/1946-05/12/1946)- Primeiro médico de Ipiaú. Chegou na localidade em 1923, atraído pelo desenvolvimento da região e pela demanda de médicos devido ao alto índice de malária. Tornou-se muito querido pela população e deixou numerosa família.
Sandoval Fernandes Alcântara (05/12/1946-1948)-Comerciante em Ubatã, pessedista, foi indicado pelo ex-prefeito Antônio Nogueira. Nomeado no período de transição para a redemocratização do país, após o fim do Estado Novo. Trabalhou na construção de estradas no interior do município e promoveu o calçamento da Rua Silva Jardin.
Pedro Caetano Magalhães de Jesus (1948-1952)-Natural de Senhor do Bonfim, advogado, foi o primeiro prefeito eleito em Ipiaú após o fim do Estado Novo (ditadura de Getúlio Vargas).Sua administração foi marcada pelo investimento na educação, sobretudo no ensino primário. Construiu várias escolas no município, dentre elas o Colégio Celestina Bittencourt. Durante a sua administração foi fundado o Ginásio de Rio Novo e construído o Estádio Municipal de Futebol que posteriormente recebeu o seu nome.
José Muniz Ferreira (1952-1955)- Mais conhecido como Juca Muniz, genro do coronel Durval Hohlenwerger e irmão de Edízio Muniz Ferreira. Promoveu a ampliação da rede de esgotos das ruas Anchieta, Rio Branco, Castro Alves, a colocação de meios fios da Rua Juracy Magalhães e a remodelação da Praça Rui Barbosa.
Salvador da Matta (17/04/1955 14/04/1959 e 1971-1973)-Natural de Catú foi um dos maiores intelectuais da região. Homem culto, formou-se em medicina pela Universidade Federal da Bahia com apenas 22 anos de idade, em 1937. No ano seguinte instala-se em Rio Novo passando a exercer a sua profissão. Em 1950 fundou o Ginásio de Rio Novo, marcando uma nova fase na educação do município. Sua primeira administração municipal se caracterizou por investimentos em obras de saneamento básico, ampliação de rede de esgotos, calçamento de ruas e construção de escolas. Construiu a ponte sobre o rio das Contas, ligando Ipiaú à vila de Japumirin, no município de Itagibá. Na segunda gestão construiu o Centro Administrativo do Município, pavimentou diversas ruas e concluiu a iluminação da cidade com lâmpadas a vapor de mercúrio.
José Motta Fernandes (14/04 /1959 a 07/04/1963 e 07/04/1967 a 1971, além de 1996-2000)- Único político a administrar o município de Ipiaú em três ocasiões. Era natural de Sergipe, residia inicialmente no distrito de Barra do Rocha sendo um dos representantes do mesmo na Câmara Municipal de Ipiaú. Em seu primeiro governo, dentre outras obras, construiu a ponte sobre o rio Água branca, nivelou a Rua do Cruzeiro e calçou as ruas Mira Rio, Alfredo Brito e José Muniz Ferreira, iniciou a obra de construção do Mercado Municipal e promoveu melhorias no distrito de Algodão. Na segunda gestão remodelou o Colégio Celestina Bittencourt, concluiu o Mercado Municipal. Na terceira gestão pavimentou diversas ruas e realizou inúmeras outras obras.
Euclides José Teixeira Neto (07/041963 a 07/04/1967)-Nascido no povoado de Jenipapo, município de Ubaíra, filho de Patrício Rezende Teixeira e Edith Coelho Teixeira, advogado, escritor, maior líder político da historia de Ipiaú. Criou a Fazenda do Povo, o Ginásio Agrícola Municipal de Ipiaú (GAMI) e o bairro da Democracia. Em sua gestão, considerada a mais progressista da historia local, com apoio da comunidade é instalado o primeiro hospital publico do município e o Parque de Exposição Agropecuária. No mesmo período Ipiaú recebe o titulo de “Município Modelo da Bahia”, concedido pelo Governo Federal.
Hidelbrando Nunes
Hildebrando Nunes Rezende (1973-1977 e 1983-1988)-Líder carismático e populista, natural de Ipiaú, investiu no assistencialismo, eletrificou diversas regiões da zona rural, construiu pontes e estradas e expandiu o bairro da Democracia. Mandou compor o Hino de Ipiaú, fundou o Museu do Lavrador e criou a Secretaria da Cultura, além de construir a Praça do Cinquentenário. Pavimentou a Avenida Getúlio Vargas, Avenida do Contorno, Bairro Euclides Neto e Rua do Honório.
José Borges de Barros Junior (1977-1982) – Também conhecido como Zequinha Borges, trabalhou para a modernização da cidade, levantou verbas para a construção do Ginásio de Esportes e pavimentou diversas ruas.
Miguel Cunha Coutinho (1988-1992)-Natural de Ibirapitanga foi deputado estadual e manteve o estilo populista na gestão do município de Ipiaú. Suas principais obras como prefeito foi a construção do Conjunto Habitacional Antônio Carlos Magalhães (o bairro ACM), a construção do novo matadouro municipal, a pavimentação do bairro da Conceição e da Rua da Granja. Era formado em sociologia mais nunca exerceu a profissão.
Ubirajara Souza Costa (1992-1996)-Nascido no distrito de Córrego de Pedras, interior do município de Ipiaú, filho do lendário Pedrão, é médico cirurgião. Em sua gestão publica houve investimento na área da saúde e educação, com destaques para as construções do CETAN e os Colégios Ângelo Jaqueira, Edvaldo Santiago, Patrício Teixeira, Pastor Paulo e o Hospital da Mulher.
José Andrade Mendonça (2000-2004 e 2004-2008) – Natural de Sergipe, filho do famoso empresário Mamede Paes Mendonça, ganhou a simpatia do eleitorado ipiauense e se tornou um dos líderes políticos mais carismáticos e fervorosos da historia do município. Em suas duas gestões implantou um estilo norteado na austeridade e transparência, combateu a corrupção, realizou inúmeras obras nas áreas de habitação, saneamento básico, infraestrutura e educação. Incentivou a cultura, investiu na assistência social e promoveu a organização da cidade. Seu grande projeto, a construção do Parque da Cidade, não chegou a ser concluído por questões políticas.
Sandra da Purificação Lemos – Administradora de empresas e natural de São Gonçalo dos Campos. Na condição de suplente de José Mendonça em sua segunda gestão, assumiu o cargo de prefeita de Ipiaú no ano de 2008, sendo assim a primeira mulher a ocupar tal posição no município. Disputou a eleição seguinte com o médico Deraldino Araújo que lhe derrotou e assumiu o comando do município.
Deraldino Alves de Araújo– Nascido em Itapitanga, reside em Ipiaú há 30 anos. É médico pediatra e se elegeu prefeito após concorrer em três eleições consecutivas. Realizou obras de infraestrutura básica, esgotamento sanitário, pavimentação, abertura de novas ruas e bairros, construiu quadras poliesportivas e inaugurou o Centro de Abastecimentos transferindo para este local as duas feiras livres que existiam na cidade.
Maria das Graças – Apesar da sistemática oposição que enfrentou na Câmara, a prefeita Maria das Graças César Mendonça, natural de Salvador, realizou uma das melhores administrações da história de Ipiaú. Foram cerca de 80 obras, em menos de quatro anos, algumas delas com apoio dos governos estadual e federal, outras com recursos próprios do município. Nesse volume destacam-se a construção da Praça de Eventos, a reforma e iluminação do Estádio Pedro Caetano, as requalificações do Centro de Abastecimento, Praça do Cinquentenário, Matadouro, pavimentação de dezenas de ruas. Maria foi reeleita para o segundo mandato que se inicia no próximo dia 1 de Janeiro de 2021. (Giro/José Américo Castro)
Figura emblemática da Rua do ABC e por extensão da própria cidade de Ipiaú, Teodoro Salomão de Oliveira é sempre lembrado pelo povo desta terra. O jeito simples, cheio de gentilezas, a educação essencial, a religiosidade e a determinação para o trabalho, imprimiram-lhe traços de uma personalidade nobre que só saía do sério quando alguém insinuava lhe fazer cócegas ou pronunciava a fatídica frase: “Olha o sapo, Teodoro”. Era faniquito na certa. Ele gritava, pulava, reclamava, suspirava, suava frio, botava a mão no coração, pedia um copo de água, lastimava o infortúnio. Depois sorria e explicava o quanto aquilo lhe incomodava.
O trauma teve origem na infância, quando ainda morava na fazenda dos seus pais, na zona rural de Itagi. Não se sabe por qual motivo um sapo-boi lhe perseguiu numa boca de noite. O certo é que a cena jamais saiu da sua memória. A carreira em alta velocidade que empreendeu na fuga, foi movida por mau presságios e desespero. Sem psicólogos ou psicanalistas, Teodoro ficou definitivamente com o susto que autenticou o seu ingresso no folclore ipiauense. A pandemia do Coronavírus não lhe seria tão aterrorizante quanto a lembrança do sapo.
Nascido no município de Mutuípe, no dia 1º de Julho de 1917, Teodoro era filho de Antonio Salomão de Oliveira e Maria Arcanja . Teve seis irmãos biológicos. O trabalho árduo nas lavouras de fumo, café e mandioca, permitiu à família recursos para adquirir uma terra na zona rural do atual município de Itagi. Eles deixaram o Vale do Jiquiriçá, sonhando enriquecer na região do cacau. Nessa fazenda Teodoro passou a infância, vivenciou a situação do sapo-boi, aprendeu a trabalhar e cresceu.
Um dia resolveu conhecer a Vila de Rio Novo, hoje Ipiaú, onde encontrou Valdete Silva, uma moça bonita, de olhos claros, que lhe encantou de imediato. Em 14 de agosto de 1946 se casaram na antiga Igreja Matriz de São Roque. A cerimônia foi celebrada pelo padre Simão Phileto, primeiro pároco do município. Acompanhado de Valdete, Teodoro retornou para a fazenda em Itagi, onde nasceram seus primeiros filhos: Luis Carlos, Dorival (Dorinho) e Luzia. Tiveram 14 filhos, no entanto apenas seis sobreviveram.
A necessidade de garantir a alfabetização dos meninos, impôs mudanças nos planos. Em 1951 já estavam morando novamente em Ipiaú, na Rua Mira Rio. Um ano depois comprou um terreno em uma área pertencente ao major Alberto Pinto e dona Sinhazinha. O espaço na parte alta da cidade já tinha algumas casas e recebeu o nome de Rua do ABC, atualmente denominada de Rua Tomé de Souza. Com muito esforço construiu a casa própria, onde nasceram Maria Rita, Paulo Roberto, o popular “Beto Sucuiuba” e Maria Rosália (Zay).
Em determinado momento da sua existência, Teodoro foi vitima de uma congestão. Ficou internado na Casa de Saúde São José, de Dr. Mesquita. Nesse ínterim assinou uma procuração para que um advogado cuidasse da terra que herdou em Itagi. O dito cujo causistico lhe passou a perna, enquanto a congestão deixou sequelas.
Bastava alguém chegar mais perto para que Teodoro reagisse com pulos, sentindo cócegas… A coisa evoluiu a ponto de um simples gesto, à distancia, lhe provocar o chilique.
Amargando a perda do patrimônio, cheio de sensibilidade traumática, Teodoro procurou reergue-se. Deu a volta por cima vendendo verduras na feira livre da cidade. Bancou a educação dos filhos e manteve a dignidade.
Pelo fato de auxiliar o pai na barraca da feira, o filho mais velho ganhou o apelido de “Luis Tomate”. Tornou-se um excelente professor de inglês e trabalhou como interprete no Centro Industrial de Aratu e na empresas multinacional Norberto Odebrecht. O único que não se formou foi o caçula, Beto, mas, em compensação realizou-se como exímio quituteiro e criativo artista plástico.
Teodoro continuou a sua jornada. Trocou a barraca na feira pela vendagem de queijo. Fazia entrega em domicilio, prosava, contava histórias. Quando não estava trabalhando, ou no recesso do lar, era encontrado na igreja. Frequentava as missas, tornou-se catequista e filou-se à Irmandade do Coração de Jesus. A religiosidade lhe deu forças e resignação.
Fazia romarias ao santuário de Bom Jesus da Lapa e nas procissões de São Roque estava sempre em destaque. Seguia solenemente carregando a cruz ou andor do padroeiro. O problema era se algum gaiato, sabendo que o santo é de barro, gritasse bem alto: olha o sapo, ou insinuasse o gesto de que iria lhe fazer cócegas. (Giro/José Américo Castro)
Corria o fatídico ano de 1964, tempo em que o Brasil mergulhava nas trevas do autoritarismo militar e o prefeito Euclides Neto ousava implantar o socialismo em Ipiaú, quando chegou, por estas bandas, um sujeito chamado Gildásio Batista Santos. Vinha de lá da beira dos mangues de Camamu, com aquele jeito de que tinha planos de ficar. E ficou.
Fincou residência na Avenida São Salvador, perto de Léo Carpina, quase defronte a casa de seu Spinola, onde hoje funciona o Bar de Valtemir, e por ali permaneceu durante 18 anos. Exercia a profissão de ferreiro, auxiliando seu pai, Antenor Batista Santos, em uma tenda na esquina da Praça Antonio Linhares com a Rua Celso Barreto. A freguesia não era de tudo farturenta, mas dava para tirar os trocados do gasto.
De vez em quando alguém levava uma bicicleta quebrada pra ele dá um jeito. E assim foi pegando gosto pela coisa. A fama de consertador de bicicletas se espalhou pela cidade e quando Gildásio percebeu, já tava envolvido até a alma no negócio. O jeito foi montar uma pequena oficina, ao lado da sua casa, na Avenida.
A tarefa de consertar bikes aguçou a vontade de usá-las. Descobriu o prazer de pedalar. Percorria ruas, estradas, ia longe, até em outras cidades da região. Na maioria das vezes viajava sozinho, com seus sonhos e pensamentos. Fazia manobras radicais, pedalava de costas, participava de competições, chamava a atenção de todos com sua Monark incrementada.
Nas pedaladas, inclinava o corpo à esquerda, num estilo todo seu. Assim de banda tirava onda. A magrela era cheia de acessório: micro lâmpadas, três buzinas, quatro espelhos retrovisores, farol à dínamo, bagageiro enrolado com fitas plásticas. Sobre o pára-lama dianteiro uma imagem de São Jorge, de quem era devoto. A cada dia ganhava um novo enfeite. Em homenagem ao santo guerreiro colocou o nome de um dos seus filhos. Jorginho, como era conhecido o garoto, se tornou um grande percussionista e faleceu em acidente automobilístico.
Em dois casamentos Gildásio teve nove filhos. Com dona Iraci da Silva foram seis: Gildésio, Gilda, Jurandir, Gildádio Filho, Jorge e Lívia. Do segundo casamento, com dona Railda Pereira, vieram Antonio, Ramon e Geisa. O mais velho desta prole: Antonio Pereira Santos, mais conhecido pelo apelido de Juninho, tem 22 anos, e já ingressou no ensino superior, cursando a Faculdade de Engenharia Eletromecânica.
A criatividade de Gildásio rendeu à bike o apelido de “Bumba Boi”. A cada dia ela ganhava mais acessórios. Chamava mais atenção, contribuía para que seu dono ocupasse espaço no folclore ipiauense e ganhasse fama no rol da presepada. Com o dinheiro que faturou consertando bicicletas, Gildásio comprou um Jeep. Dirigia o veiculo com a mesma postura que pedalava a bicicleta. Paquerava de montão, curtia pra caramba.
Igual a Gildásio existem, em diversos lugares, outras pessoas que adoram um bicicleta enfeitada. Uma das fotos que ilustram este texto mostra um cidadão de Salvador com seu cobiçado objeto de desejo participando da festa da Lavagem da Igreja do Bonfim.
Tudo tem seu tempo. A juventude ficou pra traz, no passado, visível apenas no retrovisor da recordação. Hoje aos 77 anos de idade, Gildásio reside no final da Avenida Getúlio Vargas, trecho da Rua do Sapo, vizinho ao prédio do Reciclão, onde funcionou o primeiro laticínio de Ipiaú. Está aposentado, torce pelo Flamengo e não perdeu a mania de pedalar. Três bicicletas fazem parte do seu patrimônio. Ainda se acha capaz de manobras radicais, mas a prudência recomenda que é melhor não se arriscar. *Por José Américo Castro/GIRO
Natural de Ipiaú, morador da Rua da Banca, o vigilante Alex Rosa Júnior comemora uma vitória sobre o bullying. Pessoas amigas lhe mostraram o melhor caminho para elevar a autoestima e tirar de tempo aqueles que ficavam zoando com seu jeito de ser. O biotipo exótico provocava apelidos, gracejos, gozações que lhe irritavam e motivavam reclamações junto às autoridades. Até queixas na Delegacia de Policia ele prestou contra os gozadores, quando a coisa já estava passando do limite, ganhando as redes sociais com áudios.
Foi conversando com o delegado Rodrigo Fernando e pessoas ligadas aos meios de comunicação da cidade que Alex compreendeu como superar o trauma que vinha acumulando ao longo do tempo. Elas lhe ensinaram a não guardar sentimentos ruins e nem ligar para os perturbadores. Teve até um amigo que utilizou a internet a seu favor, criando um canal no Youtube com o titulo de “Docinho”. O novo apelido anulou aqueles que o amarguravam.
Hoje, Alex pouco importa que lhe chamem de “Salsichão”, “Zoião”, ou outras denominações depreciativas. Rir de quem o provoca, pois sabe que o importante é ser ele mesmo. Sua alegria cresce quando a mulherada o trata como “Docinho”. Sua página está repleta de comentários elogiosos, flertes… Alex compreendeu que não existe coisa melhor no mundo do que sentir o que se é de verdade e não o que os outros pensam.
Alto, magro, com 32 anos de idade, funcionário da empresa MB Souza, que presta serviço à Prefeitura Municipal de Ipiaú, Alex Júnior trabalha como vigilante da Escola José Mendes de Andrade, mas também tem seus rompantes de microempresário. Registrou uma firma, com o nome de J.L Segurança, que atua em eventos da iniciativa privada e gera até cinco empregos por ocasião.
Pela necessidade de descolar uns trocados a mais, montou uma bicicleta sonora, com a qual percorria a cidade propagando as promoções de estabelecimentos comerciais e até de candidatos a cargos políticos. A “magrela”, presenteada pelo ex-prefeito José Mendonça, fez sucesso e contribuiu para que Alex ganhasse o status de personalidade folclórica.
Expressando gratidão pela família da prefeita Maria das Graças, e em especial pela empresária Flávia Mendonça que tem lhe auxiliado dentro das suas possibilidades e lhe valorizado como cidadão ipiauense, Alex disse que se sente feliz por tão boas amizades. À reportagem do GIRO ele revelou que a luta pela sobrevivência lhe impediu de continuar os estudos, interrompidos na quinta séria primária.
Disse ainda que é torcedor do Vasco da Gama e que já frequentou a Igreja Pentecostal Fonte da Água Viva, pastoreada pelo apóstolo Marcos Pimentel. Também confidenciou que mora com os avós, e tem uma namorada na cidade de Feira de Santana, mas não pretende casar, por enquanto. Prefere curtir a doce vida de solteiro. ( GIRO/ José Américo Castro).
Ele se chamava Afrodisio e teve ao mesmo tempo sete mulheres que lhes deram 17 filhos, frutos de uma virilidade descomunal que talvez se explique no significado do próprio nome: “consagrado a Afrodite”, a deusa do amor, da beleza e do sexo. Convivia bem com todas e elas procuravam se harmonizar e compreender seu jeito diferenciado de ser.
O sustento das famílias era garantido pelo cargo de funcionário público estadual num posto de saúde da cidade e pela atividade de músico, além de empreendedor do ramo da construção civil. Ergueu inúmeras casas na cidade, alguns dos antigos imóveis da Rua da Batateira foram construídas por ele. No baba do Barro lhe chamavam de “Tcheca”. Era do tipo de zagueiro que jogava duro, batia muito, estando sempre de prontidão para dá o troco em quem lhe pegava. Torcia pelo Flamengo e gostava muito de contar histórias do brega.
Afrodisio de Sá Barros, 88 anos, primogênito do casal Ramiro Artur de Sá e Elisa de Sá Barros que teve outros seis filhos, nasceu na antiga Rua do ABC, atualmente chamada de Tomé de Souza, centro de Ipiaú, onde desde criança mostrou tendência para a música, cantando e assoviando modinhas da época. Seus dotes de galanteador foram revelados ainda na infância, nas brincadeiras de “esconde esconde” com as meninas da vizinhança. Em cada escondida encontrava o que procurava naquelas ocasiões do despertar da libido. Quando adolescente tinha sempre uma namorada disposta a lhe proporcionar prazer.
O dom da música lhe abriu as portas da boemia, unindo o útil ao agradável. No Jazz Band 15 de Maio, regido pelo Mestre Lôla (Eulógio Santana), criou afinidades com o saxofone, familiarizou-se com os ritmos dançantes (rumba, fox-trots, chá-chá-chá, bolero, chorinho, gafieira…), tocou em diversas cidades, chamou a atenção da mulherada, forjou capítulos importantes da sua própria história. Nas datas cívicas e religiosas o Jazz Band ganhava aspecto de filarmônica.
Ioiô também participou da Filarmônica Alberto Pinto que sob a regência do Mestre Osório formava a vanguarda festiva das campanhas do antigo MDB de Hildebrando Nunes Rezende, Odilon Costa, Euclides Neto e cia.
O melhor da boemia, Afrodisio viveu no Conjunto Lunar, o grupo que ele próprio criou e reuniu músicos como Tonhe Lambança, Mero, Véi, Salvador do Cavaquinho, Sabiá (cantor), Zeca do Trombone e seu filho Nailton que tocava bateria, dentre outros. O Lunar fez sucesso nos cabarés de Ipiaú e região, executando gafieiras, boleros, dando mais clima ao ambiente de luxuria e luz vermelha.
O HARÉM
Em revezamentos visitava as sete mulheres, dando-lhes atenção e sustento. Foi legalmente casado com Jesulina e teve uma convivência mais assídua com Odilia, ambas não lhes deram filhos. Em compensação Flordinice (mãe do ex-vereador Nasser Barros) e Sônia geraram 10 filhos, cinco cada uma. Com Maura (mãe de Nailton) foram três filhos, a mesma quantidade com Ernestina (mãe de Sidnei Batista, o popular “Baleião”) e um com Carmelita. Excetuando Jesulina que era funcionária da Prefeitura, as demais mulheres de Afrodísio trabalhavam como lavadeiras.
Quando Ioiô morreu em 2004, devido a complicações cardíacas, todas compareceram ao velório na casa de Odília e entre lágrimas e gargalhadas rememoraram proezas do amante em comum. Muitas outras também apareceram dizendo que tinham merecidos seus impulsos e safadezas.( Giro/José Américo Castro).
Na Ipiaú de todos os tempos fica a figura impar do negro Jairo. Singular, raquítica, tropicalista, repleta de sonhos e fantasias. Síntese distorcida das lisergias dos anos 70. Um garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones. Curtia Jimi Hendrix, Renato e Seus Blue Caps, Jerri Adriane, Mach Five e Embalo 4, Grupo Imaginação. Frequentava as portas do Éden, os chás dançantes do Rio Novo Tênis Clube, o bar e boite “Barcaça”, os bancos da Praça Rui Barbosa.
O olhar fixado na torre blue da igreja de Ipiaú , acima da qual “um céu de estrelas sempre a brilhar”, ia além do que as vistas alcançavam. Colírios, delírios, viagens… Xaropes, opiodes, ondas de baixo custo, baratos que custaram caro à sua pessoa. Navegação sem bússola no vasto oceano da existência. Buscando “um Oriente ao oriente do Oriente”. O poeta lusitano Fernando Pessoa, em seu heterônimo Álvaro de Campos, certamente o compreenderia.
Aos 59 anos de idade Jairo perambula pelas ruas, pede um trocado, estende a mão. Anos 70 tão distantes e tão presentes nas vestes, nas ideias e gírias, nas estradas que percorre. O personagem neles, em eternidade. Hippie, Hendrix , rock and rool. Tudo isso lhe mantendo vivo, em resistências. Anos 60, pós revolução (golpe) militar: Jairo ainda criança, morando na Rua Floriano Peixoto, brincando de gude, jogando pião, triangulo… Correrias de picula, de “salvar”, com sua turma: Tonhe Saci, Luizinho (seus irmãos), os filhos de Hildebrando, Breia, Adelson Negão, Carlos Jordan, de Walter Hollewerger, Robertinho e Kleber Muniz. Frequentando a casa de Pedro Haage, de dona Filinha, fazendo favores à vizinhança.
Seu pai, João Vaqueiro, e sua mãe, Celina Lavadeira, davam muito duro para sustentar a família de oito filhos. Batizaram-lhe com o nome de Jalon dos Santos Marques, mas sempre foi chamado de Jairo, nego Jairo para os mais próximos. Fez o primário em três escolas, ingressou no GEI, no entanto não completou o curso ginasial pois os acordes dissonantes lhe conduziram a outros rumos. Fabricou uma guitarra de madeira, conseguiu um pandeiro sem couro, e se disse músico, cantor e compositor. Achou-se cineasta com muitas idéias na cabeça e nenhuma câmera na mão. Ator de filmes de espionagem.
Não tardou um pauzinho na coisa, uma onda diferente pra curtir as neblinas da festa de São Roque. Queria proximidades com os jovens da burguesia, mas sofreu descriminações. Preto, pobre e xarope, sem alternativas e malícias. Intensificou viagens, materiais e mentais. Transitava em Jequié, Itabuna, Ilhéus e outras cidades da região. “Perdeu-se em transparências latejantes”. O alimento minguado era garantido com a atividade de engraxate, lavagem de carros, faxinas, mendicância. O que sobrava era do “bagulho”. Na capanga: frascos, comprimidos, registros. Sofreu relento, ficou estrunchado, dormiu na rua, perdeu os dentes, sobreviveu.
Em pose tântrica no banco da praça, ou no meio fio da rua, observa a cidade, transeuntes e veículos, gente apressada que nem lhe olha. Com cara de sofrimento reafirma ser artista e diz estar cansado. “ Não quero mais saber de curtição, pois agora eu tenho a ciência da natureza na minha ideia. De vez em quando tomo um remedinho para melhorar a cabeça”, filosofa. *Por José Américo
–Jairo morreu no mês de junho de 2019, no distrito do Japomirim, município de Itagibá.
Pisa na linha levanta o boi, levanta meu boi do chão… O refrão da toada era a senha para o Boi Estrela entrar em cena e mostrar o valor de um folguedo brasileiro que teve início no século XVIII, misturando aspectos das culturas portuguesa, negra e indígena. Seu Davi, comandava o espetáculo com amor de devoção pela tradição que ele trouxe de Maracás e fez história em Ipiaú. O amor e dedicação a essa arte lhe renderam esse ano (2018) uma homenagem da prefeitura nos festejos de São Pedro.
A sonoridade (tambores, pandeiros e pífanos) ficava a cargo de Valdomiro Coveiro, Val, Miguel, Gaso e Vardo que também se encarregavam de fazer o coro masculino das toadas puxadas por seu Davi. As vozes femininas ficavam por conta de dona Eulina (esposa de seu Davi), Noemia, Maria Baixinha e Tute. O figurino, confeccionado por dona Eulina, completava a riqueza do cenário.
O “Boi Estrela”, saia da residência de seu Davi, na Rua da Batateira, percorria diversos pontos da cidade e chegava até a zona rural. Seu grande incentivador foi o ex-prefeito Hildebrando Nunes Rezende. Davi de Souza Menezes também conhecido como Davi do Bumba Boi, nasceu no município de Santa Inês, foi criado em Maracás e chegou a Ipiaú no inicio da década de 1950. Com sua esposa Eulina Maria da Silva gerou 21 filhos que multiplicaram a descendência em dezenas de netos, bisnetos, tetranetos.
Fiscal da Prefeitura
Durante muitos anos, seu Davi trabalhou como fiscal da Prefeitura Municipal de Ipiaú, mantendo-se fiel cumpridor dos deveres. Também foi feirante, vendedor de tomates e outras verduras, sendo um dos pioneiros da antiga “Ferinha”, no Bairro da Democracia. Era de temperamento sóbrio. Não usava bebidas alcoólicas e nem fumava, mas gostava de política. Se dizia um legitimo “garrancho”, militante do velho MDB ipiauense, seguidor de Hildebrando e Euclides Neto. Quando tinha oportunidade subia no palanque e mostrava seus dons de bom orador. Era devoto de Bom Jesus da Lapa e todo ano seguia em romaria para o famoso santuário.
No apoteótico desfile em homenagem ao cinquentenário de emancipação política de Ipiaú, na ensolarada manhã do dia 2 de Dezembro de 1983, seu Davi, e todo seu séquito, esteve presente mostrando a grandeza da tradição. Durante o cortejo soprava um pífano e se mostrava honrado em participar da homenagem.
Chapéu panamá, lenço vermelho no pescoço, respeitável bigode branco, o homem do bumba boi faleceu em Ipiaú, no dia 10 de julho de 2002, aos 83 anos de idade. Um ano antes, comandou, na Avenida São Salvador, a última apresentação do seu Boi Estrela. Ficou na história, na memória de tantos que testemunharam a arte da sua luta em defesa de tão importante manifestação folclórica. O Boi Estrela ainda brilha, cintila em tantas lembranças. (Giro/José Américo Castro)
O GIRO encontrou na tarde dessa terça-feira (25), no Campo da Baixada, o autodeclarado “maior artilheiro de Ipiaú”, Sérgio Marley. Ele já contabiliza trinta e nove mil, setecentos e cinquenta e sete milésimos de gols. Calma, se você não entendeu a contagem, ele explica melhor no vídeo abaixo.
Figura folclórica em Ipiaú, Sérgio está de visual novo. Na cabeça ele traz o símbolo de uma montadora de veículos, sua nova patrocinadora, e as iniciais WC, em homenagem à cantora Wanessa Camargo, que o boleiro afirma ter encontrado em 94 no Aeroporto de Ipiaú.
Sérgio ainda garante que só esse ano, já jogou 124 partidas e agora se prepara para o Campeonato de Bairros de Ipiaú, previsto para começar no próximo mês. Apesar da fama de goleador, os times da cidade apenas o escalam como gandula, o que pra ele também é honroso.