Giro Ipiaú

Praça Orlando Cardoso: homenagem a um homem que se fez menino

Série Praças de Ipiaú – De um antigo campinho de futebol, à beira d’uma lagoa, surgiu a primeira praça do Bairro da Conceição. Por muito tempo o logradouro ficou sem nome até que a Câmara de Vereadores aprovou um Projeto de Lei denominando-lhe de Praça Orlando Cardoso Araújo. Algumas pessoas ainda não sabem disso, pois falta uma placa com tal indicação. A Praça Orlando Cardoso Araújo fica bem em frente ao Colégio Maria José Lessa de Moraes, sendo frequentada pelos moradores do bairro e os alunos do estabelecimento. É ampla e pouco arborizada. Se ali plantassem flores ficaria bem mais bonita. Há quem diga que esta praça deveria se chamar Maria José Lessa de Moraes, proprietária da Fazenda Conceição que deu origem ao bairro homônimo, mas foi bem merecida a homenagem a um cidadão que soube lhe aproveitar com toda intensidade. De corpo e alma seu Orlando viveu momentos felizes nesse pedaço da cidade.

Orlando Cardoso de Araújo, avô do goleiro Wladimir, do Santos Futebol Clube, nasceu em Jaguaquara, no sudoeste baiano, e chegou em Ipiaú no ano de 1963, em plena Ditadura Militar. Veio para exercer a função de coletor estadual, cargo que atualmente corresponde a auditor fiscal e nesta cidade ficou pelo resto da sua existência. Bom vivant, intelectual, seu Orlando curtia a literatura russa, com admiração especial pelo poeta Vladimir Maiakovski, não dispensava um carteado e muito menos uma boa pinga.
Foi um dos primeiros moradores do Bairro da Conceição e deu valiosa contribuição ao futebol ipiauense como dirigente da Liga Desportiva Rionovense -LDR-. Quando concluía o trabalho cotidiano que às vezes lhe exigia o uso de terno e gravata, despia-se das formalidades e seminu, apenas com o calção na virilha, exibindo o barrigão que em nada lhe envergonhava, ia bater um baba com a meninada. Brigava, xingava , disputava cada jogada como se fosse a final de uma Copa do Mundo. Tornava-se o menino que os adultos sonham mais não tem coragem de ser. Seu Orlando era casado com Valdelice Porto de Araujo ( dona Valda), teve cinco filhos ( Orlando Filho, Vladmir, Alida, Helvécio e Ariadne), onze netos e cinco bisnetos.Em 2 de Julho,de 1986, data da Independência da Bahia, fez a passagem rumo ao plano espiritual.Contava então com 56 anos de idade. *José Américo Castro/GIRO