Série Praças de Ipiaú – No coração da cidade encontra-se a Praça Rui Barbosa. Sua história se confunde com a própria história do município e seu nome homenageia um dos maiores juristas que o Brasil já produziu. No seu entorno visualizam-se estabelecimentos comerciais, agências bancárias, postos de serviços, a Igreja Matriz de São Roque, o inacabado Edifício Santa Paula e o prédio onde funcionou o Cine Teatro Éden, patrimônio histórico e cultural da região.
Por esta praça circulam diariamente milhares de transeuntes e verifica-se um intenso trânsito de veículos. Aos finais de semana o point torna-se ainda mais pulsante. Todas as tribos urbanas ali se reúnem. Crianças, idosos, católicos, evangélicos, kardecistas, sketistas, ciclistas, metaleiros, nerds, resenhistas, playboys, cocotas, rastas, yuppies, motoqueiros, poetas, violeiros, pets, piriguetes e patricinhas fazem do espaço um grande palco dos seus espetáculos individuais. A Praça Rui Barbosa é vitrine, cartão postal, referencia da boa gente ipiauense.
Mesmo carecendo de uma melhor arborização e mais assentos, o logradouro vem atendendo os interesses da população. Nos períodos festivos ganha mais luminosidade, decorações temáticas, diversidade. O espaço, como praça, surgiu no inicio do processo de urbanização do município, na área em frente à sede da fazenda do italiano José Miraglia.
Residências foram edificadas em seu redor e em algumas delas se discutiu os destinos políticos da então Vila de Rio Novo, inclusive a sua elevação à condição de município. No local onde hoje é o prédio da Minstel tinha o antigo templo da Igreja Matriz, onde o padre Simão Phileto pronunciava severos sermões e depois da missa ia jogar gamão.
A partir da década de 1970 a bela arquitetura residencial cedeu lugar aos prédios dos estabelecimentos comerciais, perdendo o charme e romantismo de outrora. Ao longo do tempo a Praça Rui Barbosa sofreu diversas modificações. Já lhe cercaram de arame farpado, a isolaram com tapumes, fizeram muitas intervenções, entretanto, foi mantido o mérito de ser a maior, a principal. Sucessivas obras de requalificação exigiram o sacrifício de árvores e equipamentos de grande valor histórico, mas não anularam a sua essência. A Praça Rui Barbosa é ponto convergente das ruas Dois de Julho, Castro Alves, Floriano Peixoto e Juracy Magalhães.
Coretos, canteiros, pérgulas, jardins, bancos em estilo clássico, pedras portuguesas, viveiros de pássaros, micos, pipoqueiros, vendedores de rolete de cana, quebra-queixo, pirulito, festas de São Roque, micaretas, revoadas de andorinhas, namoros, atos públicos, comícios, eventos culturais e tantas outras coisas e acontecimentos fizeram a história da Praça Rui Barbosa, ficaram na lembrança de muitas gerações.
O Cine Teatro Éden, o Abrigo Vitória, o vizinho Rio Novo Tênis Clube, a casa de Zé Hagge, o som dos serviços de alto falante (Voz de Rio Novo, Voz da Cidade), o inacabado prédio Santa Paula, a barulheira dos carros de som, a resistência do ponto de táxis, do mingau de Clarisse, o acarajé de Maria, motocicletas, ruas que trazem e levam gente, tudo dentro da praça, no ritmo de cada tempo, fazendo pulsar o coração da cidade. (Giro/José Américo Castro)