Democracia Restabelecida
História das Eleições de Ipiaú: Prefeitos eram nomeados pelo ‘Estado Novo’
Dando continuidade à serie “As Campanhas e Eleições dos Prefeitos de Ipiaú, enfocaremos nesta matéria o período em que não houve campanha e nem tampouco eleições. De 1937 a 1948 o país esteve regido pelo totalitarismo e os prefeitos eram nomeados pelo Presidente da República. No município de Ipiaú seis deles experimentaram essa condição. Em setembro de 1937 o então presidente Getúlio Vargas, decide preparar um golpe de estado que estabeleceu uma ditadura que se prolongou por quase 10 anos, e ficou conhecida com “O Estado Novo”. Nesse período foram dissolvidas as representações do Poder Legislativo e do Poder Judiciário. Vargas ficou com o poder de indicar prefeitos e governadores, os quais ficaram conhecidos como interventores.
História das Eleições de Ipiaú: o primeiro prefeito
Três candidatos concorreram às eleições municipais de 1936, a primeira da história política da antiga Rio Novo. A pluralidade confirmava o perfil democrático do eleitorado local, mas inaugurava a tendência da polarização que prevalece nos dias atuais. Leonel Andrade (PSD) e Aristóteles Andrade (AIB) concentravam as preferências dos eleitores, enquanto Moisés Santos, do Partido Rio Novo Altivo, apenas marcava o espaço da terceira via, sem as mínimas chances de vitória. Aquela primeira campanha foi muito disputada. As duas principais facções se digladiavam, ultrapassando os limites da ética, o campo das idéias, atingindo questões pessoais. O ambiente tornara-se de tal modo tenso, que se chegou a esperar acontecimentos trágicos. Cerca de mil eleitores compareceram às urnas para sufragar os nomes dos seus candidatos a prefeito e vereadores. O vencedor foi Leonel Andrade, do PSD, com 542 votos, seguido de Aristóteles Andrade, da ABI, que obteve 382 votos e Moisés Santos, do Partido Rio Novo Altivo, com apenas 10 votos. (GIRO/José Américo Castro).
Praça Clériston Andrade em tempos de pacificação
Praça Rui Barbosa: onde pulsa o coração da cidade de Ipiaú
Série Praças de Ipiaú – No coração da cidade encontra-se a Praça Rui Barbosa. Sua história se confunde com a própria história do município e seu nome homenageia um dos maiores juristas que o Brasil já produziu. No seu entorno visualizam-se estabelecimentos comerciais, agências bancárias, postos de serviços, a Igreja Matriz de São Roque, o inacabado Edifício Santa Paula e o prédio onde funcionou o Cine Teatro Éden, patrimônio histórico e cultural da região.
Por esta praça circulam diariamente milhares de transeuntes e verifica-se um intenso trânsito de veículos. Aos finais de semana o point torna-se ainda mais pulsante. Todas as tribos urbanas ali se reúnem. Crianças, idosos, católicos, evangélicos, kardecistas, sketistas, ciclistas, metaleiros, nerds, resenhistas, playboys, cocotas, rastas, yuppies, motoqueiros, poetas, violeiros, pets, piriguetes e patricinhas fazem do espaço um grande palco dos seus espetáculos individuais. A Praça Rui Barbosa é vitrine, cartão postal, referencia da boa gente ipiauense.
Mesmo carecendo de uma melhor arborização e mais assentos, o logradouro vem atendendo os interesses da população. Nos períodos festivos ganha mais luminosidade, decorações temáticas, diversidade. O espaço, como praça, surgiu no inicio do processo de urbanização do município, na área em frente à sede da fazenda do italiano José Miraglia.
Residências foram edificadas em seu redor e em algumas delas se discutiu os destinos políticos da então Vila de Rio Novo, inclusive a sua elevação à condição de município. No local onde hoje é o prédio da Minstel tinha o antigo templo da Igreja Matriz, onde o padre Simão Phileto pronunciava severos sermões e depois da missa ia jogar gamão.
A partir da década de 1970 a bela arquitetura residencial cedeu lugar aos prédios dos estabelecimentos comerciais, perdendo o charme e romantismo de outrora. Ao longo do tempo a Praça Rui Barbosa sofreu diversas modificações. Já lhe cercaram de arame farpado, a isolaram com tapumes, fizeram muitas intervenções, entretanto, foi mantido o mérito de ser a maior, a principal. Sucessivas obras de requalificação exigiram o sacrifício de árvores e equipamentos de grande valor histórico, mas não anularam a sua essência. A Praça Rui Barbosa é ponto convergente das ruas Dois de Julho, Castro Alves, Floriano Peixoto e Juracy Magalhães.
Coretos, canteiros, pérgulas, jardins, bancos em estilo clássico, pedras portuguesas, viveiros de pássaros, micos, pipoqueiros, vendedores de rolete de cana, quebra-queixo, pirulito, festas de São Roque, micaretas, revoadas de andorinhas, namoros, atos públicos, comícios, eventos culturais e tantas outras coisas e acontecimentos fizeram a história da Praça Rui Barbosa, ficaram na lembrança de muitas gerações.
O Cine Teatro Éden, o Abrigo Vitória, o vizinho Rio Novo Tênis Clube, a casa de Zé Hagge, o som dos serviços de alto falante (Voz de Rio Novo, Voz da Cidade), o inacabado prédio Santa Paula, a barulheira dos carros de som, a resistência do ponto de táxis, do mingau de Clarisse, o acarajé de Maria, motocicletas, ruas que trazem e levam gente, tudo dentro da praça, no ritmo de cada tempo, fazendo pulsar o coração da cidade. (Giro/José Américo Castro)
Praça Noé Bonfim: um recanto aconchegante no extremo sul de Ipiaú
Três árvores de pequeno porte, sendo as duas maiores em sua parte frontal, igual número de canteiros, alguns assentos, razoável estado de conservação. Este é o cenário da Praça Noé Bonfim, no extremo sul da Avenida São Salvador, proximidades do Parque de Exposições José Thiara. O logradouro foi construído pelo prefeito Miguel Coutinho, no inicio da década de 1990, atendendo a uma indicação do vereador João Manga -PMDB- e alguns moradores da área. Na mesma ocasião foi fundado o posto de saúde homônimo que faz o pano de fundo da praça. Ambos foram assim batizados em homenagem a um médico que prestou relevantes serviços à população de Ipiaú e outros municípios da região.
Apesar do tamanho reduzido o espaço cumpre perfeitamente a sua função social. É comum presenciar ali grupos de pessoas em animado bate-papo, jogando dominó ou mesmo comemorando algum evento festivo. Em uma das laterais da praça está a Capela de Santa Terezinha, vinculada à Paróquia de São Roque. O templo foi projetado pelo padre Francisco Xavier e construído sob o comando de Neco Pedreiro, experiente mestre de obras ,residente na Avenida São Salvador. Ao lado da capela localiza-se a Escola Municipal Florentino Pinheiro. Na última gestão do prefeito Deraldino Araújo, o prédio do posto foi totalmente reformado e ampliado, passando a funcionar como Unidade de Saúde da Família, enquanto a praça ganhou nova pavimentação.
Cinquentenário: a praça construída pelo povo
Série Praças de Ipiaú – No seu 50º aniversário de emancipação política o município de Ipiaú ganhou de presente uma bela praça. Quem presenteou foi a própria população, em atendimento a um apelo do então prefeito Hildebrando Nunes Rezende. Teve gente que deu um saco de cimento, um tijolo, um metro de areia lavada, etç. Doações maiores também aconteceram inclusive em dinheiro. Alguns doaram a mão de obra. Mutirões ocorreram por dias seguidos.
A obra foi executada em uma área de 2.400 metros quadrados pela empreiteira CroesyVita, sob a coordenação do técnico Abelardo Vieira Martins. O engenheiro Fernando Vita, atual vice-prefeito de Itabuna assinou o projeto. A inauguração da praça aconteceu no dia 2 de dezembro de 1983, com uma grande festa. Na mesma data foi inaugurado o Museu do Lavrador e outros acontecimentos importantes ocorreram em homenagem ao cinquentenário do município.
Canteiros, gramados, quiosques, árvores frondosas, extensos assentos de cimento e até um coreto, deram um toque aconchegante ao espaço, tornando-o propício aos encontros, bate-papos e eventos. A turma do dominó e do carteado é presença constante por ali. A vida noturna na Cinquentenário é muito mais intensa que nas demais praças de Ipiaú, perdendo apenas para a Praça Rui Barbosa, nas noites de domingo.
O logradouro entrou no gosto do povo e contribuiu com o surgimento de um forte comércio na área. Boutiques, livrarias, padarias, farmácias, supermercados, bares, lanchonetes, pousadas, posto de revenda de combustíveis, dentre outros estabelecimentos, ampliam o movimento, gerando emprego e renda. Algumas igrejas evangélicas têm endereço no local.
Na Praça do Cinquentenário aconteceram memoráveis eventos. Foi palco de festas juninas, circuito de micaretas e ainda mantém a tradição de concorridos comícios nas campanhas eleitorais do município. Pela sua importância, e função social, o espaço merece uma requalificação, pois seu público usuário tem crescido e exigido melhor comodidade.
Origens – Os primeiros moradores da área onde hoje se localiza a Praça do Cinquentenário foram as famílias de Braz Tito da Cruz, Manoel Cardin (conhecido com Neguinho Pedreiro), João Cearense, Antonio Porfirio Vieira Souza, Francisco Alves Ferreira (Seu Bal) e Ângelo Nunes dos Santos. Somando a estas tinha o pessoal de seu Germinio, José Vidal, Felismino e Dudu do Carvão. No lado oposto à Avenida Getúlio Vargas, existia uma lagoa coberta de taboas e outras plantas aquáticas. Pés de mamonas completavam a vegetação do terreno em volta.
No ano de 1973, Ângelo Nunes dos Santos, o “Mestre Ângelo”, proprietário do Parque Ouro Verde, comprou o terreno, aterrou a lagoa, construiu algumas casas e deu novo aspecto ao lugar. Circos, touradas e parques de diversões, provisoriamente se instavam por ali. Alguns dos mais famosos comícios do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), com celebres discursos de Euclides Neto e Hildebrando Nunes Rezende, aconteceram nesse naquele terreno. Dizem que partiu dos “Garranchos”, ou seja, os militantes do antigo MDB, a denominação “Barroquinha da Sorte”. Eles acreditavam que os comícios realizados naquele espaço traziam boa sorte ao grupo político. Da “Barroquinha da Sorte” à Praça do Cinquentenário, a labuta solidária de um povo, a expansão da cidade, uma historia que as novas gerações precisam conhecer. *Giro/José Américo Castro
Praça do Rotary é destaque no coração de Ipiaú
Série Praças de Ipiaú – Chamam-lhe de Praça do Rotary, mas oficialmente ela tem a denominação de Celestina Bittencourt em homenagem a uma das primeiras professoras da rede estadual de ensino em Ipiaú. O ex-prefeito Hildelbrando Nunes Rezende pensou em batizar-lhe com o nome de Sinhazinha Pinto, esposa de Alberto Pinto, músico fundador da primeira filarmônica da cidade, e mãe de Manoel Pinto (Mapin), compositor do hino do município, no entanto, compreendeu que a educadora também era merecedora da honra. O certo é que o logradouro ficou mesmo conhecido como Praça do Rotary, em decorrência do Rotary Club de Ipiaú ter implantado no centro daquela colina, em novembro de 1967, um monumento com o símbolo da entidade. Na ocasião o fazendeiro Domingos Castro, por ser o rotariano mais idoso plantou uma árvore (flamboyant) próximo ao monumento.
Justiça concede liberdade condicional ao goleiro Bruno
A Justiça do Rio concedeu liberdade condicional ao ex-goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, condenado a pena de 20 anos e 9 meses de reclusão pela morte e desaparecimento do corpo da modelo Eliza Samúdio, em 2010. A decisão de quinta-feira (12) é da juíza da Vara de Execuções Penais, Ana Paula Filgueiras, e foi divulgada neste sábado (14).
“Não existe impedimento concreto à concessão do livramento condicional ao apenado, na medida em que ele preenche o requisito objetivo necessário desde 10/04/2022, conforme cálculo do atestado de pena atualizado. Quanto ao mérito, o apenado desempenhou atividades laborativas após a concessão da progressão de regime e cumpriu regularmente as condições da prisão domiciliar, valendo destacar que não há novas anotações na Folha de Antecedentes Criminais (FAC)”.
O Ministério Público do Rio de Janeiro tinha se manifestado contrário ao benefício e solicitou à Justiça a elaboração de exame criminológico. A juíza Ana Paula Filgueiras indeferiu o pedido, citando a decisão que autorizou regime semiaberto para Bruno, em 2019. (mais…)
Praça dos Cometas – um espaço que guarda boas lembranças ao ipiauense
Série Praças de Ipiaú – A Praça dos Cometas é um tradicional logradouro de Ipiaú que sofreu transformações ao longo do tempo, estando hoje um tanto descaracterizada da sua função social original. Bifurcação das avenidas Lauro de Freitas e Getúlio Vargas e da Rua Alfredo Brito, modernizada pelo asfalto, mas ainda contando com a relíquia dos paralelepípedos em parte do seu piso, o espaço guarda lembranças de uma época memorável. Boêmios, valentões, policiais, comerciantes, jogadores de futebol e carteado, corretores de imóveis, gente de todo tipo transitavam no lugar.
Ali, em um sobrado que hoje foi adaptado como biblioteca, funcionou por muito tempo a Delegacia de Policia, cujo carcereiro se chamava Nezinho. No destacamento tinha Zé Soldado, Naná, Gilbertão, Farangoso, João Guardinha, Cabo Zezito e outros valentes homens da lei sob o comando do capitão Milton Pinheiro, Tenente Orlando, Calazans e cia… O Colégio Ângelo Jaqueira começou sua historia no mesmo prédio. Na vizinhança do quartel, a padaria de seu Everaldino que também fundou a torrefação “Café Rio Novo”, a venda de seu Artur, os bares de Lôzo, Zé do Leite, o armarinho de Nozinho, a pensão de dona Rute. Um pouco mais adiante, já na entrada da Rua de Jequié, atual Avenida Lauro de Freitas, a tenda de Evaristo Santana, artesão com especialidade em selas e arreios de cavalos. O Moinho Cometa e outros estabelecimentos, além de residências, completavam o cenário da área.
Da rapaziada que por ali se reunia antes de ir para o areão do Rio de Contas, ou aos bregas dos Dez Quartos e Tia Ló, surgiu um time de futebol que tinha o mesmo nome da praça e no escudo do uniforme áureo-negro, a figura do astro errante. Ficou na história um comício que o deputado Urbano de Almeida Neto, realizou no local. Dizem que vibrações sobrenaturais baixaram naquele evento, tornando o local ainda mais lendário. Um dia João Batista Madeiro instalou um Posto de Gasolina no canteiro central da praça e aí começou a descaracterização. Hoje no lugar do Posto Três Marias que também foi propriedade de Hélio Veloso, tem uma lanchonete e nos domínios dela, o monumento com a placa onde foi registrada a fundação da praça e aconteceu a comemoração dos 25 anos de emancipação política de Ipiaú. O nosso Jubileu de Prata.
O monumento se encontra desfocado, desprezado, enquanto a inscrição na placa está praticamente inelegível. No mínimo a Prefeitura deveria dar uma atenção, com a devida manutenção, a este e outros marcos históricos da cidade. A Praça dos Cometas foi inaugurada em 1959 pelo prefeito José Motta Fernandes. Um ano antes, ainda na gestão de Dr.Salvador da Matta, quando a cidade comemorava seu 25º aniversário de fundação, foi promovido um grande evento, ”razão pela qual os viajantes comerciais do Estado – à frente dos quais seu líder Abdon Barreto –deitaram suas tendas azuis para uma semana de festas”. (Giro/José Américo Castro)
Luto: Morre a professora Nádia Celeste
Faleceu, neste sábado, 14, Nádia Celeste, 62 anos, professora aposentada da rede municipal de educação de Ubatã. A educadora, que trabalhou muitos anos em escolas municipais, foi vítima de um aneurisma. A Secretaria de Educação emitiu uma nota e lamentou o passamento de Nádia. “É com pesar que lamentamos o falecimento de Nádia Celeste, professora aposentada da rede municipal de educação. Nádia deu uma grande contribuição para o nosso município ao ajudar a educar centenas de alunos, pessoas, cidadãos. Desejamos que o espírito de Deus repouse sobre os corações de familiares e amigos”, diz a nota. Em tempo, o velório ocorreu na Pax Nacional e o sepultamento às 10h deste domingo, no cemitério Jardim da Saudade, em Ipiaú. (Ubatã Notícias)
Praça Everaldino Pereira: um nome que honra Ipiaú
Série Praças de Ipiaú – Um Projeto de Lei do vereador Herbeth Manoel Campos, em 11 de maio de 1995, deu o nome de Everaldino Pereira dos Santos à uma praça localizada entre o Bairro Constança e a Rua Nova Conquista. Antes o local era chamado de “Rupiada”. No dia 9 de janeiro de 2015 o prefeito Deraldino Araújo inaugurou a obra de requalificação do logradouro que se desenvolveu com a técnica de bio construção, introduzida em Ipiaú por Canrombert Almeida, então Diretor de Obras do Município. A planta foi concebida de acordo com a geografia da área. Piso, canteiros, assentos e equipamentos de lazer, a exemplo de um Parque Infantil, tornaram o espaço em local agradável e bem visitado. As árvores que ali se encontravam foram preservadas e mais valorizadas, mostrando assim a preocupação de harmonia ambiental do projeto paisagístico. O espaço é agradável e bem visitado. Sua função social vem sendo cumprida a contento.
Everaldino Pereira dos Santos, o cidadão homenageado com o nome da praça, nasceu em Itagibá no dia 2 de novembro de 1920 e faleceu em Salvador no dia 15 de julho de 1982, entretanto grande parte da sua existência foi em Ipiaú, embora também tivesse morado em Jequié e Brasília. Ele era casado com dona Maria Anália dos Santos com a qual constituiu uma descendência de oito filhos, dez netos, sete bisnetos e um tataraneto. Foi membro ativo da 1ª Igreja Batista de Rio Novo, tinha natureza pacifica e capacidade empresarial. Teve uma pequena fábrica de manteiga, uma saboaria e diversos outros estabelecimentos industriais. Fruto do seu empreendedorismo são as empresas Café Rio Novo, com projeção regional, e Panificadora Aurora, ambas ainda sediadas na Praça dos Cometas e bem consolidadas no mercado. Nessa área da cidade Everaldino viveu, criou os filhos Walmick, Waldeck, Agnaldo, Valdimary, Marivaldi e Vânia e fez boas amizades.
Everaldino Pereira dos Santos foi um homem bom, honesto, temente a Deus, e com muito amor ao próximo. Muito auxiliou pessoas carentes que moravam nas imediações da Praça dos Cometas. Tirava do próprio bolso, sem esperar retorno, para resolver problemas alheios. Saciou a fome de muita gente, exerceu a fraternidade que é a base da doutrina cristã. Amou ao próximo com a si mesmo. Entre seus melhores amigos estavam o comerciante Artur Pereira, o serventuário da Justiça, Expedito Januário (pai do pastor Carlos César Januário), o empresário Waldemar Sampaio, o fazendeiro Otávio Ferreira (Ota) e o saudoso Amâncio Felix dos Santos. Todos lhe admiravam e respeitavam. Por tudo isso e tantos outros atos de grandeza humana que não foram citados neste texto, seu Everaldino se fez merecedor de justas homenagens. Seu nome em uma das praças da cidade é motivo de honra para Ipiaú. (GIRO/José Américo Castro)
Praça Amâncio Félix: Homenagem a um homem de paz
Série Praças de Ipiaú – Amâncio Félix dos Santos viveu 103 anos, contribuiu para a edificação Primeira Igreja Batista de Rio Novo, constituiu numerosa descendência, fez fortuna com honestidade, semeou a paz , entrou na história e teve seu nome emprestado a uma das praças de Ipiaú. Discreta como a própria pessoa que motivou a sua denominação à Praça Amâncio Félix, na zona norte cidade, é ponto estratégico de deslocamento para diversos bairros periféricos. Foi construída e inaugurada pelo ex-prefeito Hildebrando Nunes Rezende que ali implantou um monumento com o busto do respeitável cidadão. Em frente a esta praça, ainda existe a casa sede do sitio que pertencia ao senhor Amâncio. O processo de expansão urbana tornou o local muito mais habitável.
Amâncio Félix começou sua vida de fazendeiro com uma pequena criação de porcos, abatendo um a cada semana e vendendo a carne na feira da então Vila de Rio Novo. Juntou dinheiro, adquiriu terras, fez pastagens e dedicou-se à pecuária bovina e depois à agricultura. Prosperou e tornou um dos maiores cacauicultores do município. Foi dono da Fazenda Oceania que hoje pertence ao empresário José Mendonça e também pertenceu ao ex deputado Urbano Almeida Neto, o lendário “Urbano Cem Contos”.
Amâncio fez parte do grupo que articulou a mudança do prédio da 1ª PIB de Rio Novo para a Praça Alberto Pinto. Antes a igreja, então pastoreada por Abílio Pereira Gomes, funcionava na Rua Dois de Julho. Ao iniciar-se o levantamento de recursos para a compra do terreno coube a ele a doação da maior quantia: CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros velhos). Homem de natureza pacifica, fala mansa, o decano Amâncio Félix dos Santos foi um dos mais respeitáveis e honestos cidadãos ipiauenses.(Giro/José Américo Castro).
Praça Emídio Barreto e a sua história
Série Praças de Ipiaú – Localizada no inicio da lendária Rua do Sapo, convergência das ruas José Muniz Ferreira, Jaldo Reis, Itapagipe, Alto da Bela Vista e Avenida Getúlio Vargas, próxima à via de acesso ao Centro de Abastecimento, a Praça Emidio Souza Barreto cumpre a sua função social no cotidiano de Ipiaú. Antes de ter esta denominação ela era chamada de Praça Quadalajara, em homenagem à cidade que tão bem recepcionou a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, no México.
O terreno foi doado ao município pela cacauicultor Antonio Calumby. Em 1988, primeiro ano da gestão do prefeito Miguel Coutinho foi urbanizada e oficialmente inaugurada, ganhando, por indicação do então vereador Plínio Nery, Lemos o nome de Emidio Barreto. Sombreada por quatro árvores, esta praça tem um traçado simples e atende a população residente, ou frequentadora, de uma das mais movimentadas áreas da cidade. Vendedoras de acarajé e outras iguarias, camelôs, propagandistas, costumam armar barraca por ali. No finalzinho da tarde é hora do encontro de amigos, uma partidinha de dominó, aquele papo legal…
Praça Antônio Linhares: justa homenagem à um honrado cidadão
Série Praças de Ipiaú – Localizada no alto das ruas Juracy Magalhães, Silva Jardim e José Muniz Ferreira (Rua do Cacau), a Praça Antonio Linhares é um ponto estratégico da cidade. Por ali passam diariamente milhares de pessoas em direção à diversos outros logradouros e caminhos do município. O espaço é utilizado por moradores das imediações e demais cidadãos que à sombra das suas árvores desfrutam momentos de lazer e descanso ou aguardam algum encontro. Com um traçado simples e agradável, o equipamento foi inaugurado na década de 70, durante a segunda administração do prefeito José Motta Fernandes.
Antes era chamada de “Praça da Fundação”, devido a sua aproximação do prédio da Fundação Hospitalar de Ipiaú. O nome de Antonio Linhares decorreu de um Projeto de Lei do ex-vereador Francisco Ferreira Oliveira (“Chico do Hospital”), que dessa maneira prestou uma justa homenagem a um honrado cidadão e patriarca de tradicional família ipiauense.
Antônio Linhares – nasceu no distrito de Castelo Novo, município de Ilhéus. Ainda jovem chegou em Rio Novo com intuito de plantar cacau. Adquiriu uma fazenda na região da Água Branquinha e iniciou o cultivo dos chamados “frutos de ouro”. Algum tempo depois conheceu Filomena de Souza, filha do fazendeiro Eduardo Félix, com a qual casou-se em uma cerimônia no casarão do seu amigo Domingos Castro, iniciando uma descendência de 18 filhos, 10 dos quais estão vivos, 32 netos, 44 bisnetos, 16 trinetos e 01 tetraneto. A necessidade de oferecer uma melhor educação aos filhos fez com que o casal fixa-se residência na cidade, onde por um longo tempo seu Antonio exerceu o cargo de Delegado de Policia. A residência de Antonio Linhares ficava bem próxima da praça que hoje tem seu nome.
*Por José Américo Castro / Giro Ipiaú
Praça Alberto Pinto: onde concentram-se os poderes de Ipiaú
Série Praças de Ipiaú – Na principal colina da cidade está localizada a Praça Alberto Pinto. Nela foram edificadas as sedes dos poderes Executivo e Legislativo do município e, bem próxima, a sede do Poder Judiciário, isto é, o Fórum da Comarca local. Na área também se encontra o prédio da secular 1ª Igreja Batista de Rio Novo, o que significa uma representação do Poder Eclesiástico. O prestigio do espaço que se configura como um Centro Administrativo aumenta com a presença do marco que indica ter sido Ipiaú detentor do titulo de “Município Modelo da Bahia”. O nome da praça homenageia um homem que investiu na cultura e fez da musica um sacerdócio.
Espaçosa, bonita, histórica, propicia aos atos públicos, a Praça Alberto Pinto tem em suas proximidades alguns estabelecimentos educacionais e a Loja Maçônica Fraternidade Rionovense. Está na rota da BR-330, o que lhe torna palco de intensa movimentação de veículos. O prédio da Câmara de Vereadores ocupa posição privilegiada neste cenário histórico da cidade. O imóvel foi construído para sediar a Prefeitura Municipal e nessa condição permaneceu por um longo tempo. No antigo prédio também funcionou o Museu do Lavrador que posteriormente foi desalojado.
O monumento que marca a conquista do titulo de Município Modelo da Bahia decorreu de uma ideia do ex-gestor Euclides Neto. “Em seu livro 64: Um Prefeito, a Revolução e Os Jumentos”, Euclides lembra que a matéria prima do monumento foi lavrada por obra do acaso em uma pedreira de propriedade da Prefeitura. O Governo Federal, através do INDA exigia que fosse cravado em frente ao prédio da Prefeitura um obelisco que indicasse o titulo recém-recebido. O prefeito pensou num tronco de boa madeira de lei, mas quando visitando a pedreira, notou que após a explosão da dinamite, caiu uma linda espátula de pedra e que ali estava o monumento. A pedra foi enfincada no centro da praça e nela afixada uma placa de bronze com a cópia do telegrama passado pelo Governador Lomanto Júnior: “ Ipiaú acaba de ser escolhido Município Modelo da Bahia”.
Alberto Pinto, o homem que emprestou seu nome à praça, chegou a Ipiaú no ano de 1926, vindo de Santo Antonio de Jesus. Era casado com dona Sinhazinha e teve muito filhos, sendo um deles o compositor Manoel Pinto (MAPIN) que fez o hino da cidade. Alberto Pinto tocava flauta e incentivava a juventude a dançar, cantar, declamar poesias. Desses saraus surgiu o Grupo Musical São Salvador, que adiante evoluiu para a Filarmônica Alberto Pinto, denominação dada em sua memória, do mesmo jeito que fizeram com a praça. *José Américo Castro/GIRO
Praça Orlando Cardoso: homenagem a um homem que se fez menino
Série Praças de Ipiaú – De um antigo campinho de futebol, à beira d’uma lagoa, surgiu a primeira praça do Bairro da Conceição. Por muito tempo o logradouro ficou sem nome até que a Câmara de Vereadores aprovou um Projeto de Lei denominando-lhe de Praça Orlando Cardoso Araújo. Algumas pessoas ainda não sabem disso, pois falta uma placa com tal indicação. A Praça Orlando Cardoso Araújo fica bem em frente ao Colégio Maria José Lessa de Moraes, sendo frequentada pelos moradores do bairro e os alunos do estabelecimento. É ampla e pouco arborizada. Se ali plantassem flores ficaria bem mais bonita. Há quem diga que esta praça deveria se chamar Maria José Lessa de Moraes, proprietária da Fazenda Conceição que deu origem ao bairro homônimo, mas foi bem merecida a homenagem a um cidadão que soube lhe aproveitar com toda intensidade. De corpo e alma seu Orlando viveu momentos felizes nesse pedaço da cidade.
Praça Salvador da Matta: Nítida vocação cultural
Série Praças de Ipiaú – Antigamente, nos primórdios da cidade, ela era conhecida como Praça Tupinambá e comportava o campo de futebol, palco de memoráveis disputas dos times locais. Nessa condição permaneceu até os anos 50. Após a construção do Estádio Pedro Caetano, a área passou a ser chamada de Campo Velho. Circos, touradas, ciganos e turcos passavam temporadas naquele espaço, exibindo espetáculos, encantando crianças e adultos. No início da década de 1960 o prefeito José Motta Fernandes iniciou ali a construção do Mercado Municipal e algum tempo depois foi a vez da Feira Livre fixar-se no local que então já estava denominado de Praça Dr. Salvador da Matta.
Em setembro de 2010 a feira foi transferida para o Centro de Abastecimentos, próximo à Rua do Sapo, e a praça ganhou nova conotação. Consolidou-se como centro de atividades culturais e recreativas. Na Praça Salvador da Matta acontece a badalada Festa de São Pedro, além de outros eventos culturais e esportivos e tantas outras manifestações da cultura ipiauense. Parques de Diversões também a utilizam. O logradouro serve como estacionamento de veículos e centro de treinamento de motoristas. Skatistas e motociclistas costumam usar o local para as suas manobras espetaculares. O prédio do antigo mercado está destinado a um Centro Cultural, comportando o Museu do Lavrador e outros equipamentos.
A Praça Virgílio Damásio e suas referências históricas
Série Praças de Ipiaú – No centro comercial de Ipiaú, fazendo a linha divisória entre as ruas Dois de Julho, Castro Alves, Sete de Setembro e Moisés Santos, encontra-se a Praça Virgílio Damásio. A área é de intenso movimento durante os dias úteis da semana. Nela concentram-se algumas lojas, gráficas, repartições públicas e uma emissora de rádio, a “Educadora AM”. Aos domingos e feriados se pode melhor apreciar o seu traçado, a arquitetura que lhe circunda e visualizar alguns dos seus aspectos históricos. Bem no centro da praça observa-se um prédio em formato das antigas embarcações “gaiola” dos rios Mississippi e São Francisco. Este prédio, construído por Dorgival Castro, é uma das referências históricas do lugar. Atualmente ali funciona o escritório local da ADAB.
Durante muitos anos aconteceu na Praça Virgílio Damásio uma concorrida feira livre. Nesse mesmo período, até a década de 1970, o local também comportava a Delegacia de Polícia e o escritório das empresas do lendário “Urbano Cem Contos”, ou seja, o ex-deputado Urbano de Almeida Neto. Outra referência histórica da praça era o Hotel Glória, cujos tempos áureos foram vivenciados nos 50 e 60 e tinha como proprietário o Sr. Rafael Sampaio. A reunião de fundação do Rotary Clube de Ipiaú aconteceu nesse hotel. Não podemos deixar de mencionar a famosa “Loja Três Irmãos”, propriedade de Odilon Costa, e “A Norma”, loja de ferragens de Nelson Almeida que no próximo Mês de setembro completa 70 anos de existência.
Virgílio Clímaco Damásio (foto), a personalidade que emprestou seu nome à praça, foi médico do famoso jurista Rui Barbosa, de quem era primo. Também se destacou como professor da Faculdade de Medicina da Bahia, Governador do Estado em dois curtos períodos (18/11 a 23/11 de 1889 e 16/09 a 24/11 1890) e Senador da República. Na condição de governador tempo em que promoveu a reforma do ensino da medicina legal no estado e instituiu a constituinte estadual. (José Américo Castro/GIRO)
Praça João Carlos Hohlenweger; um monumento à emancipação de Ipiaú
*Por José Américo Castro
*As praças da cidade e os significados dos seus nomes é o tema desta série de reportagens do jornalista José Américo Castro para o GIRO IPIAÚ. A intenção do pesquisador é remontar a trajetória de Ipiaú, por meio da contextualização e das representatividades destes espaços e monumentos, ressaltando a importância de cada cidadão ou acontecimento que emprestou seus nomes a esses logradouros públicos.
Memória: Uma casa na história política de Ipiaú
Na Praça Rui Barbosa, ao lado da Igreja Matriz de São Roque, um emblemático casarão chamava a atenção de todos que por ali passavam. Sua origem vinha do inicio da cidade. Tinha uma arquitetura adequada àquela época e foi construído pelo italiano José Miraglia. Depois ganhou aspecto mais robusto, com alvenaria alta.
Era um local de decisões políticas, reuniões de notáveis. Nas épocas das campanhas eleitorais sua varanda ganhava a condição de palanque para memoráveis comícios. As fotos registram fatos importantes ali ocorridos. Defensores do processo de emancipação política do município, na década de 1920, posaram para a posteridade em frente à primeira arquitetura do prédio.
Em setembro de 1954 o então candidato ao Governo da Bahia, Antonio Balbino, realizou um grande comício no local, ao lado do então prefeito de Ipiaú, Dr. Salvador da Matta e outras lideranças políticas do município e região. Balbino disputava a eleição com Pedro Calmon e foi eleito governador no dia 3 de outubro do mesmo ano.
Outra imagem que ilustra esta matéria é referente à campanha do polêmico Jânio Quadros à Presidência da República, no ano de 1959. Zé Português, Astrogildo Pinheiro, Zezinho Mendes e José Motta Fernandes, dentre outros janistas se colocaram na varanda/ palanque para apoiar o candidato que utilizava a vassoura como símbolo e prometia “varrer” a corrupção do país.
O homem da vassoura foi eleito e exerceu o mandato por apenas sete meses (de 31 de janeiro de 1961 e 25 de agosto de 1961). Renunciou ao cargo atribuindo isso às pressões das forças ocultas. Seu vice, João Goulart foi deposto pelo Golpe Militar de 31 de março de 1964, liderado pelo alto escalão do exército. Os militares favoráveis ao golpe, em geral, os defensores do regime instaurado no dia 1º de Abril daquele ano, costumam designá-lo como “Revolução de 1964”.
Na ocasião, mais um grande comício foi realizado na varanda da casa, cujo novo proprietário era o fazendeiro e político José Motta Fernandes, que exerceu três mandatos na Prefeitura. Nesse conturbado ano de 1964 o prefeito de Ipiaú era Euclides Neto. Estudantes do recém fundado Ginásio Agrícola do Município de Ipiaú (GAMI) e de outros estabelecimentos educacionais da cidade, foram mobilizados para participar da manifestação. Muitos outros comícios da direita ipiauense aconteceram naquela varanda. Por muito tempo a casa foi morada da família de João Motta Fernandes, irmão de Zé Motta, e no cômodo em frente a varanda funcionou o escritório particular do ex-prefeito. Hoje no lugar do casarão existe um prédio onde funciona um escritório de advocacia e outras atividades. (José Américo Castro/Giro Ipiaú)
Um giro na evolução histórica de Ipiaú
Os impactos do crescimento. “Na década de 20, a localidade era tão farta que possuía muito mais vendedores que compradores”, observa a historiadora Sandra Regina Mendes. Praticamente todos os moradores tinham sua roça que lhes provinha o sustento básico. Nessa época o aglomerado urbano sofreu vertiginoso crescimento. A chegada de novas pessoas possibilitou a especulação imobiliária e o aumento de número de casas. Com a emancipação (em 1933) e as sucessivas administrações municipais Ipiaú começou a experimentar crescimento e sofrer grandes transformações urbanas.
Surgiam novas ruas, bairros, avenidas, obras de infraestrutura e saneamento básico, prédios escolares, postos de saúde e outros benefícios. Na gestão do prefeito Pedro Caetano Magalhães de Jesus, no período de 1948-1952, foi construído o Estádio de Futebol que atualmente tem o seu nome.
Nas décadas de 1970/80 são abertos loteamentos, pelos senhores Américo Castro, Waldemar Sampaio e Antonio Luz. Esses empreendimentos resultaram nos bairros da Conceição, Constança, Aloísio Conrado, Santana e ACM. O processo expansionista continuaria impondo transformações urbanas nas décadas seguintes quando Ipiaú foi se consolidando como polo do comercio regional. Antigos prédios residenciais deram lugar a modernas lojas e outros estabelecimentos comerciais.
História de Ipiaú: Da mata virgem à colonização
No inicio era a mata virgem com seus bichos e índios, estes da nação Tapuia, temíveis pela valentia. Tinha espírito guerreiro, mas não resistiram à invasão do homem branco que chegou, em maior numero, a partir do inicio do Século XX. Os primeiros a pisarem no solo que hoje constituem as terras ipiauense foram extrativistas de óleos de madeiras e outras essenciais da mata virgem. O pesquisador Dilson Araújo, colheu junto a antigos depoentes que essas pessoas viviam em transito pela região e sendo assim a elas não pode ser atribuído o mérito de colonizadores.
O historiador Clemilton Andrade, tio do empresário Cleraldo Andrade, em seu livro “Uma Vida em Várias Épocas e Lugares”, importante fonte escrita primária da História de Ipiaú nos traz ideia dos primórdios da colonização.
-As matas iam caindo, seculares jequitibás, frondosos vinháticos, jacarandás, itapicurus, enfim todas as espécies que constituem a rica flora caiam aos vigorosos golpes dos machados vibrados pelos musculosos braços dos imigrantes. No lugar das matas surgiram então os cacauais, os cafezais e as pastagens. As ruas do lugarejo cresciam, se estiravam,novas levas de imigrantes chegavam, o comercio se expandia,negociava-se,roubava-se,brigava-se e matava-se”. (Giro/ José Américo Castro)
Pioneiros de Ipiaú; Organização Social
Os pioneiros que um dia chegaram não plantaram somente os cacauais, mas também a cultura, a educação, o comércio, a organização social e fundiária. Nesse time entram em campo Moysés Santos, Servolo Ornellas, Noival Suarez e Evelina Freire, dentre outros. Na foto que ilustra este capítulo alguns deles aparecem no grupo retrato em frente à residência do italiano José Miraglia, na atual Praça Rui Barbosa.
Moysés Santos
No ano de 1916 o lugarejo que veio a se tornar na cidade de Ipiaú foi elevado à condição de Distrito de Paz e recebeu o nome oficial de Alfredo Martins, em homenagem ao presidente da Câmara Legislativa de Camamu. A partir de então teve inicio a instalação de repartições públicas, sendo um delas a Escrivaninha de Paz, a qual foi confiada ao cidadão Moysés Ferreira dos Santos que antes residia em Camamu. Clemilton Andrade descreve Moysés Santos desta maneira: -Individuo de estrutura alta, bem nutrido, alegre, simpático. Dada a representação do seu cargo (o mais elevado da época)Moysés tornara-se por muitos anos a principal figura do lugarejo”. O Juízo de Paz foi entregue ao cidadão Avelino Rocha Galvão de Melo que antes exercia as funções de médico charlatão.
Noival Suarez
Filho de espanhol, negociante em Salvador, Noival Durant Suarez, pai do ex-vereador Normando Suarêz, é outro personagem que faz parte do grupo pioneiro do município de Ipiaú. Noival exerceu a função de agrimensor. “Os imigrantes derrubavam matas e faziam suas plantações em terrenos do Estado. Tinham porem de mandar medir as suas glebas e para isso chamavam os agrimensores, que passavam por engenheiros. Clemilton Andrade conta que Noival era “possuidor de um espírito alegre e extrovertido, humorista nato, gargalhava e fazia gargalhar os seus interlocutores com suas tiradas espirituosas. Adquiriu uma propriedade e também plantou cacau”.
Servolo Ornellas
Por volta de 1920 o povoado já se chamava Rio Novo, nome que segundo a historiadora Sandra Regina Mendes só foi adotado oficialmente, dez anos depois, na ocasião da elevação à categoria de sub-prefeitura. Foi nessa época que chegou por estas plagas um individuo irrequieto chamado Servolo Ornelas, proveniente de Santo Antônio de Jesus. Este homem tinha um prelo manual com o qual compunha e imprimia o jornal “O Democrata”, de conteúdo noticioso, humorístico e político. Clemilton Andrade traça assim o tipo físico de Servolo:-Homem de estatura alta, magro, nervoso, sorrisos e voz estridentes, os dois caninos superiores desmedidamente grandes, recobertos de ouro, faiscavam quando esganiçava a boca com seu alto e largo sorriso”. Além da imprensa Servolo Ornelas em sociedade com Avelino Melo implantou em Rio Novo o trafego postal, isto é, o correio. “Lá por volta de 1922 (conta Clemilton Andrade), foi criada a Agência Postal, sendo essa repartição entregue a Servolo que instalara em sua própria residência e a dirigira como agente até 1936, passando a tesoureiro da referida agência, já então postal telegráfica”. Servolo era avô do ex-senador e ministro da Previdência Social, Waldeck Ornelas.
Evelina Freire
A primeira escola pública estadual de Rio Novo foi instalada no ano de 1923 e teve como regente a professora Evelina Freire. A principio essa escola funcionou na principal sala da residência de Moysés Santos depois foi transferida para uma casa isolada, em um pasto, entre a propriedade dos árabes (nas imediações da atual agencia do Banco do Brasil) e a parte principal do lugarejo. A professora Evelina lecionou até o ano de 1952, quando se aposentou. (Giro/José Américo Castro)
História de Ipiaú: Os fundadores da cidade
Os árabes (Marons, Midlejs e Atalas) e aos italianos (Grissis e Miraglia) foram os primeiros a se fixarem na localidade que hoje constitui a cidade de Ipiaú. Isso ocorreu por volta de 1916, conforme registro do historiador Clemilton Andrade que prosseguindo em sua narrativa explica: -Chegaram depois Domingos Castro, proveniente de Muritiba, e José Bento, ocupando as extremidades do povoado e ,estabelecendo-se com fazendas para o sul.
Logo após a propriedade de Domingos Castro (no inicio da atual Avenida São Salvador) estabeleceram-se os senhores José Gomes e José Brandão. Um pouco mais adiante rio abaixo, estabeleceram-se os irmãos Hohlemwerger: João e Durval, de origem suíça.
Para a parte de cima, logo após os árabes e italianos que ocupavam a região onde hoje é o centro da cidade, vieram José Bento, Manoel Pedro, Leandro, Epifânio Vieira e já 9 km rio de Contas acima instalara-se Artur Duarte. Esses homens derrubaram matas, construíram casas, instalaram estabelecimentos comerciais, promoveram o crescimento do povoado.
Devido ao uso de armas de fogo por parte dos seus moradores que se envolviam em constantes brigas, o arraial foi batizado com a toponímica de “Rapa Tição”. Uma outra versão indica que a origem dessa denominação decorre da corruptela da palavra repartição. O local se tornara, por volta de 1920, um Distrito de Paz de Camamu, com a denominação de Alfredo Martins.
Os cartórios e escrivaninha de paz constituíram uma repartição que passou a ser uma referência da localidade. O povo da região ao se dirigir para o arraial dizia que ia à rapatição. Fuá e Encruzilhada do Sul foram outros nomes dados ao embrião de Ipiaú. Tem ainda outras versões que veremos adiante. (Giro/ José Américo Castro)